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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O Portugal de hoje em dois atos

Esta semana, em Almada, dois pontos de vista poéticos e bem humorados sobre o que é viver, hoje, em Portugal. Um, com texto brasileiro de 1973, fala-nos de sonhos em tempos difíceis e das voltas que as pessoas dão à vida para os poderem concretizar. Outro, com textos de três dramaturgos portugueses de agora, fabrica uma versão própria do país real com personagens que tentam lidar com um quotidiano surreal. 

UM GRITO PARADO NO AR, escrito por Gianfrancesco Guarnieri em 1973, foi um dos textos que mais comoveu o Brasil nos tempos de resistência e que agora, adaptado à nossa realidade, onde o samba de Toquinho se transforma em fado, nos mostra as voltas que as pessoas dão à vida para poderem ter ou manter o seu trabalho e concretizar os seus sonhos. Sonhos em tempos difíceis, mas sonhos dos quais as personagens não podem abrir mão, embora corram o risco de serem engolidos pela realidade vertiginosa do quotidiano. Esta é, ao mesmo tempo, a peça mais alegre e lúdica de Guarnieri: uma celebração do mistério do teatro, com as suas mazelas e a sua grandeza, a sua desordem e o seu fascínio. 

CONTA-ME COMO É, que O Teatrão estreou este ano por ocasião do 25 de abril, é um conjunto de peças curtas, autênticos pedaços do Portugal contemporâneo surgidos da pena de três premiados dramaturgos e com os quais O Teatrão fabrica uma versão própria do país real. Com base nestas três visões particulares da realidade portuguesa, tentam recriar-se as formas de comunicação da imprensa, da rádio e da TV, que passam aos cidadãos uma versão oficial do país, formas de comunicação que neste espetáculo são passadas através do filtro poderoso do teatro. Este espetáculo será também reposto em Coimbra, na Oficina Municipal do Teatro, entre 31 de outubro e 9 de novembro.

Entretanto, a própria Companhia de Teatro de Almada, que acolhe estes dois espetáculos, visita pela primeira vez a OMT e logo com NEGÓCIO FECHADO, um poderoso texto escrito por um dos mais aclamados dramaturgos da atualidade, David Mamet, e vencedor do Prémio Pulitzer (1984).

O TEATRÃO no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada): 

UM GRITO PARADO NO AR 
de Gianfrancesco Guarnieri 
Direção: Antonio Mercado | 17 OUT | sexta | 21h30 | M16 

CONTA-ME COMO É 
de Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro 
Encenação: Jorge Louraço Figueira | 19 OUT | domingo | 16h | M12

quarta-feira, 6 de março de 2013

Um Grito no Grande Centro

Depois das três apresentações na casa dos Artistas Unidos (o Teatro da Politécnica em Lisboa), chega a vez de Tondela receber a 9 de março o nosso Grito, numa troca de espetáculos entre O Teatrão e o Trigo Limpo – ACERT que trará a Coimbra ainda este mês os trabalhos SERMÃO AOS PEIXES e 20 DIZER.

Os alicerces desta partilha entre as duas estruturas já vêm de trás, e estão assentes numa vontade mútua de revitalizar a região centro e (re)colocá-la no mapa da produção cultural nacional: combater as ideias preconcebidas segundo as quais as produções de excelência artística são apenas possíveis nos grandes centros e que não é possível aliar um forte trabalho de ligação comunitária com uma potente proposta artística tem sido um dos eixos de trabalho partilhados pelas duas companhias.

Em comum temos ainda o território em que atuamos, tantas vezes esquecido, ignorado ou pura e paternalisticamente apelidado de “província”. Este diálogo entre Teatrão e ACERT insere-se nesta estratégia de resistência e afirmação do centro do país como potência cultural, e como tal, parece-nos de vital importância a circulação de trabalhos, a par de outras iniciativas tais como conversas, discussões, fóruns, cruzamento de públicos, etc. Fazer do centro do país um grande centro, pela validação coletiva do trabalho que cá se faz, é o que queremos, sabendo “que há um céu sobre esta chuva e um grito parado no ar”.

UM GRITO PARADO NO AR (TEATRO)
de Gianfrancesco Guarnieri | Direção de Antonio Mercado
TONDELA | ACERT | 9 de março | 21h30 


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Um Grito de Resistência, dentro e fora do teatro

Ao longo de 2013 levamos país afora UM GRITO PARADO NO AR, espetáculo que estreámos em outubro passado sob a direção de Antonio Mercado e que fez temporada na Oficina Municipal do Teatro até 5 de janeiro deste ano; desenhamos para este primeiro trimestre saídas a várias casas de companhias e estruturas com quem queremos continuar a desenvolver vínculos de trabalho e partilha. Os Artistas Unidos, companhia que já por várias vezes acolhemos em Coimbra, são uma delas.

O crítico João Carneiro descreve o GRITO como “um clássico do tempo da ditadura brasileira que parece escrito para o mês em que estamos” [Expresso, caderno Atual, 23 fev 2013]. Em sintonia com este espírito de resistência coletiva que a peça nutre e deparados com a circunstância de fazermos este espetáculo em Lisboa neste momento muito particular de resistência e contestação a nível nacional - que conhecerá um pico com a manifestação agendada para dia 2 de março - alterámos para três o número de apresentações deste espetáculo em Lisboa, suprimindo a sessão que estava agendada para as 16h00 de sábado. Assim, nos dias 28 de fevereiro, 1 e 2 de março, estaremos no Teatro da Politécnica com sessões diárias apenas às 21h00.


UM GRITO PARADO NO AR (TEATRO)
de Gianfrancesco Guarnieri | Direção de Antonio Mercado
LISBOA | Teatro da Politécnica (Artistas Unidos) | de 28 de fevereiro a 2 de março | quinta a sábado | 21h00
Informações e reservas: artistasunidos@artistasunidos.pt | 961960281



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Um Grito Contínuo

Ao longo de 2013, levamos país afora UM GRITO PARADO NO AR, espetáculo que estreamos em outubro passado e que fez temporada na OMT até 5 de janeiro deste ano.

UM GRITO PARADO NO AR (TEATRO)
de Gianfrancesco Guarnieri | Direção de Antonio Mercado
PEREIRA| Celeiro dos Duques de Aveiro | 2 de fevereiro | sábado | 21h30
Informações e reservas: 919 390 603

Depois de Sobral de Ceira, o GRITO d’O Teatrão acerca-se de Pereira, terra de saborosas queijadas, de milho e de casas abrasonadas.

No desenho das saídas a várias casas de companhias e estruturas profissionais e amadoras com quem queremos continuar a partilhar trabalho e experiências, o segundo palco a receber UM GRITO PARADO NO AR é o Celeiro dos Duques de Aveiro, sede do grupo de teatro O Celeiro, que tem desempenhado um papel de forte dinamização cultural em Pereira e que já colaborou com O Teatrão nos espetáculos PEREGRINAÇÕES (2010), COIMBRA 1111 (2011) E SHAKESPEARE NO CASTELO (2012).



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Fazer uma gravata

LEITURAS ATRAVESSADAS (Ciclo de Leituras)
ELES NÃO USAM BLACK-TIE
de Gianfrancesco Guarnieri
Tabacaria | 20 de novembro | terça | 22h00 | entrada livre

Aproveitando a estreia de UM GRITO PARADO NO AR, e no espírito do Seminário de Dramaturgia do Teatro de Arena no qual Guarnieri participou ativamente, lemos agora outra peça do mesmo autor.

ELES NÃO USAM BLACK-TIE (1955) é um retrato da classe operária brasileira do início dos anos 50, tendo como pano de fundo reflexões universais sobre a frágil condição humana, sobre os homens e os seus conflitos. Guarnieri coloca em confronto um pai e um filho com posições ideológicas e morais completamente opostas e divergentes.

Gianfrancesco Guarnieri foi um dos principais dramaturgos brasileiros e um dos impulsionadores do Seminário de Dramaturgia que veio revolucionar o teatro brasileiro a partir dos anos 50.




terça-feira, 6 de novembro de 2012

"Sei que há um céu sobre esta chuva e..."

Seis atores, três homens e três mulheres, ensaiam uma peça que nunca chegamos a conhecer. Não é o teatro feito, mas o teatro por fazer e ao se fazer que contemplamos. As pressões de fora interrompem o ensaio a todo o momento: são credores que retiram aos poucos, como numa peça do absurdo, os próprios elementos sobre os quais deveria erguer-se a representação. À medida que o palco se esvazia cresce a determinação do elenco em levar o espetáculo a cabo, contra ventos e marés. 

Não são menores as pressões vindas de dentro, desde a tentação de tudo resolver em termos de sim e não, evitando a complexidade inerente ao real, até a crença de que o teatro morreu, as palavras já não têm significado e nada há a dizer sobre o mundo.

Mas à medida que o ensaio progride, o milagre da criação artística transforma o jogo em emoção, pondo a descoberto a crueldade dos tempos de crise no mundo contemporâneo. Se às vezes o palco parece uma ilha de neurose cercada de dívidas por todos os lados, não nos esqueçamos que nela habitam também a generosidade, a camaradagem, o cafezinho e os copos compartilhados no bar da esquina; e que dessa aparente anarquia brotam ocasionalmente obras-primas tão legítimas quanto quaisquer outras.

Esta é a peça mais alegre e lúdica de Guarnieri: uma celebração do mistério do teatro, com as suas mazelas e a sua grandeza, a sua desordem e o seu fascínio. Com a força vital de um grito paralisado em pleno voo.

Adaptado de Décio de Almeida Prado, “Guarnieri Revisitado”, pp. 10-13. Em: O Melhor Teatro de Gianfrancesco Guarnieri. São Paulo: Global Editora,1986


©Carlos Gomes


UM GRITO PARADO NO AR (Teatro)
de Gianfrancesco Guarnieri
direção de Antonio Mercado
Sala Grande | 18 de outubro a 5 de janeiro | quinta a sábado | 21h30 | M16 | Bilhetes: entre €4 e €10

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Um grito parado no ar

UM GRITO PARADO NO AR (Teatro)
Sala Grande | 18 de outubro a 5 de janeiro | quinta a sábado | 21h30

Uma viagem alucinante pela realidade urbana 
Em "Um grito parado no ar", O Teatrão convida-nos para embarcarmos nessa viagem, onde se cruzam feirantes, alunos do ensino recorrente, cauteleiros, mulheres a dias, um vizinho tarado, jovens que vêm do interior, um chui cansado, prostitutas, um casal no final da relação, professores universitários, uma mãe com a sopa sempre ao lume, o dono de uma tasca, adeptos fanáticos… São habitantes de uma cidade contemporânea que nos abrem as portas para penetrarmos sem medo na essência dos nossos dramas e conseguirmos rir do patético das nossas vidas.

Teatro dentro do teatro - um grupo de atores luta com sérias dificuldades para conseguir estrear o seu espetáculo, que pretende ser um conjunto de fragmentos da realidade urbana onde o vídeo é usado para captar o real e motivar a criação das personagens. A relação entre a vida dos atores, os testemunhos reais e as personagens que estão a criar mostra uma fronteira muito ténue entre o palco e a vida, onde todos se tentam adaptar a uma nova realidade, onde todos sentem que as portas se vão fechando e se torna cada vez mais difícil manter a esperança.

"Um grito parado no ar" (1973) foi um dos textos que mais comoveu o Brasil nos tempos de resistência e que agora, adaptado à nossa realidade, onde o samba de Toquinho se transforma em fado, nos mostra as voltas que as pessoas dão à vida para poderem ter ou manter o seu trabalho e concretizar os seus sonhos. Sonhos em tempos difíceis, mas sonhos dos quais as personagens não podem abrir mão, embora corram o risco de serem engolidos pela realidade vertiginosa do quotidiano.

Fotografia de ensaio de Carlos Gomes

Ficha Artística e Técnica 
Texto: Gianfrancesco Guarnieri Direção: Antonio Mercado Elenco: Inês Mourão, Isabel Craveiro, João Castro Gomes, Nuno Carvalho, Margarida Sousa e Pedro Lamas Cenografia e Figurinos: O Teatrão Vídeo: Alexandre Mestre Adaptação e Direção Musical: Luís Figueiredo Apoio Vocal: Cristina Faria Banda Sonora: Rui Capitão  Músicos: Armindo Fernandes (guitarra portuguesa) e Ni Ferreirinha (viola) Entrevistas: Alexandre Mestre, Cláudia Pato e Rui Capitão Grafismo: Sofia Frazão Fotografia: Carlos Gomes Direção de Produção: Cátia Oliveira Produção Executiva: Inês Mourão, Margarida Sousa, Nuno Carvalho Direção Técnica: João Castro Gomes Equipa Técnica: Alexandre Mestre, Jonathan Azevedo e Rui Capitão Estagiária Assistente: Ana Bárbara Queirós Produção: O TEATRÃO 2012

Espetáculo para maiores de 16 anos
Duração: 90 m.