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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Ser o número um

David Mamet trabalhou numa agência imobiliária nos anos 60. Vinte anos mais tarde, nos chamados “anos dourados” de Reagan, escreveu NEGÓCIO FECHADO (no original, Glengarry Glen Ross), peça que lhe valeu o Pulitzer em 1984. Inspirada no mundo impiedoso dos agentes imobiliários que Mamet observou a digladiarem-se por prémios de produtividade – à custa dos seus colegas, inevitavelmente –, NEGÓCIO FECHADO é uma crítica à sociedade americana sua contemporânea. Mas aquele que é considerado um dos maiores dramaturgos norte-americanos de todos os tempos soube transcender as idiossincrasias dos vendilhões de Chicago, escrevendo uma obra que assenta bem a qualquer tempo, língua ou lugar. Nesta versão, em que a Chicago de Mamet se transforma em Almada, “os segundos são os primeiros dos últimos” – mostrando ser universal a desilusão escondida no reverso da medalha do Sonho Americano, que foi também, nos anos 90, o pequeno Sonho Português.

Estreado com grande sucesso em 2013 e reposto em 2014, esta comédia da Companhia de Teatro de Almada vem agora a Coimbra, numa parceria com O Teatrão que se inicia com a apresentação, em Almada, de duas peças d'O Teatrão ("Um Grito Parado no Ar" e "Conta-me Como É"). NEGÓCIO FECHADO conta com um elenco oito atores, entre os quais Pedro Lima e Marques D'Arede, que o público conhece bem pelas suas participações em séries televisivas.

David Mamet (n. 1947) monta os seus primeiros textos em Chicago e, a partir de 1975, no circuito off da Broadway: Perversidade sexual em Chicago (1974), Búfalo americano (1977) e Uma vida no teatro (1977). Mestre do diálogo, as suas peças breves mas densas assentam nas vidas das suas personagens, cuja solidão encontra eco na sociedade moderna. A linguagem de Mamet, um virtuoso construtor de enredos, distingue-se pelo ritmo quase musical, obtido através de pausas, de frases interrompidas e de um inconfundível jargão realista – simultaneamente violento e poético.

NEGÓCIO FECHADO (Teatro) 
De David Mamet | Encenação: Rodrigo Francisco 
Companhia de Teatro de Almada 
Sala Grande | 25 OUT | sábado | 21h30 | M12 | Entrada: entre €4 e €10 (descontos aplicáveis a quem comprar o bilhete do Programa TEATRO-OUTONO) | Lotação limitada!

©Rui Carlos Mateus

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O Portugal de hoje em dois atos

Esta semana, em Almada, dois pontos de vista poéticos e bem humorados sobre o que é viver, hoje, em Portugal. Um, com texto brasileiro de 1973, fala-nos de sonhos em tempos difíceis e das voltas que as pessoas dão à vida para os poderem concretizar. Outro, com textos de três dramaturgos portugueses de agora, fabrica uma versão própria do país real com personagens que tentam lidar com um quotidiano surreal. 

UM GRITO PARADO NO AR, escrito por Gianfrancesco Guarnieri em 1973, foi um dos textos que mais comoveu o Brasil nos tempos de resistência e que agora, adaptado à nossa realidade, onde o samba de Toquinho se transforma em fado, nos mostra as voltas que as pessoas dão à vida para poderem ter ou manter o seu trabalho e concretizar os seus sonhos. Sonhos em tempos difíceis, mas sonhos dos quais as personagens não podem abrir mão, embora corram o risco de serem engolidos pela realidade vertiginosa do quotidiano. Esta é, ao mesmo tempo, a peça mais alegre e lúdica de Guarnieri: uma celebração do mistério do teatro, com as suas mazelas e a sua grandeza, a sua desordem e o seu fascínio. 

CONTA-ME COMO É, que O Teatrão estreou este ano por ocasião do 25 de abril, é um conjunto de peças curtas, autênticos pedaços do Portugal contemporâneo surgidos da pena de três premiados dramaturgos e com os quais O Teatrão fabrica uma versão própria do país real. Com base nestas três visões particulares da realidade portuguesa, tentam recriar-se as formas de comunicação da imprensa, da rádio e da TV, que passam aos cidadãos uma versão oficial do país, formas de comunicação que neste espetáculo são passadas através do filtro poderoso do teatro. Este espetáculo será também reposto em Coimbra, na Oficina Municipal do Teatro, entre 31 de outubro e 9 de novembro.

Entretanto, a própria Companhia de Teatro de Almada, que acolhe estes dois espetáculos, visita pela primeira vez a OMT e logo com NEGÓCIO FECHADO, um poderoso texto escrito por um dos mais aclamados dramaturgos da atualidade, David Mamet, e vencedor do Prémio Pulitzer (1984).

O TEATRÃO no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada): 

UM GRITO PARADO NO AR 
de Gianfrancesco Guarnieri 
Direção: Antonio Mercado | 17 OUT | sexta | 21h30 | M16 

CONTA-ME COMO É 
de Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro 
Encenação: Jorge Louraço Figueira | 19 OUT | domingo | 16h | M12

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Joaquim Benite, uma geração depois

JOAQUIM BENITE por RODRIGO FRANCISCO
Companhia de Teatro de Almada 1978 x Companhia de Teatro de Almada 2014 (Conversa)
No âmbito do programa Raukoon do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) para as LINHAS CRUZADAS
Tabacaria | 30 SET | terça | 17h | Entrada livre

 O CAPC lançou aos parceiros LINHAS CRUZADAS o desafio de conceber a programação RAUKOON, inspirada no encontro histórico que Robert Rauschenberg e Willem De Kooning tiveram em 1953, onde o primeiro, autor emergente e grande admirador da obra de De Kooning apaga um seu desenho, devidamente autorizado pelo autor, que ali compreende um profundo ato criativo. Surge assim a proposta de estudar a relação entre mestres x discípulos, consagrados x emergentes e o diálogo criativo que daí decorre.

O Teatrão participa nesta programação com uma conversa entre Jorge Louraço Figueira e Rodrigo Francisco, diretor artístico da Companhia e do Festival de Teatro de Almada, encenador e dramaturgo, sobre o seu trabalho de continuidade e renovação deste icónico projeto teatral português fundado por Joaquim Benite.