segunda-feira, 27 de outubro de 2014

"Lemos, ouvimos, lemos" e... reinventamos

Portugal entra-nos todos os dias pelas nossas casas, pelos nossos olhos, pelos nossos ouvidos. Ligamos a TV, a rádio, os smartphones, lemos os jornais e aí está o nosso país - ou pelo menos aquele que a comunicação social nos faz crer que é "o" país real. Mas depois saímos de casa e Portugal também é esse país de gente anónima que anda pelas ruas, que vive um quotidiano tão verdadeiro quanto o outro, mas que não aparece nas "gordas" dos jornais. Gente que tem dentro de si o seu Portugal ou a sua visão, íntima e "não oficial", de Portugal.

CONTA-ME COMO É nasce na sequência de um convite a três premiados dramaturgos portugueses para escreverem sobre o Portugal de cada um deles. Da pena de Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro, surge assim um conjunto de peças curtas, espécie de vinhetas do Portugal contemporâneo, e que são três retratos muito pessoais - e surreais quanto baste - da realidade portuguesa, três visões particulares que os três dramaturgos desenvolveram ao longo de um ano e meio de trabalho. É com base nestas três visões particulares da realidade portuguesa que O Teatrão fabrica uma versão própria do país real e com as quais se tentam recriar as formas de comunicação da imprensa, da rádio e da TV, que passam aos cidadãos uma versão oficial do país, formas de comunicação que neste espetáculo são passadas através do filtro poderoso do teatro.

CONTA-ME COMO É estreou na OMT por ocasião dos quarenta anos do 25 de abril e regressa agora para dez sessões seguidas, com cenário e cenas renovados, mas continuando os atores a assumir a missão de contar tudo, como se estivessem entre amigos íntimos, num descontraído piquenique - e é esta a teatralidade específica desta obra/experiência teatral que nos desafia a falar de nós, de todos nós, e de hoje, deste Portugal de 2014.

A reposição de CONTA-ME COMO É na OMT tem ainda a particularidade de oferecer ao público duas versões de si mesmo, pois de sexta a domingo o espetáculo conta com a participação da Classe T - Grupo de Teatro Amador d'O Teatrão.

CONTA-ME COMO É (Teatro) 
de Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro 
O Teatrão | Encenação de Jorge Louraço Figueira 
Sala Grande | 31 de outubro a 9 de novembro | segunda a sexta | 21h30 | sábado e domingo | 19h | M12 Entrada: entre €4 e €10 (descontos aplicáveis na compra de bilhete do Programa TEATRO-OUTONO) 

©Carlos Gomes

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Oficina de Teatro

AÇÃO DE FORMAÇÃO "24-1 - OFICINA DE TEATRO"
Duração: 25 horas presenciais
Calendário previsto: 4 (18h30-20h30), 8 (9h-13h), 11 (18h30-22h30), 15 (9h-13h), 18 (18h30-21h30), 22 (9h-13h) e 29 (9h-13h) de Novembro 
Local: Oficina Municipal do Teatro
Destinatários: Docentes de Educação Pré-Escolar, do Ensino Básico, Secundário e Educação Especial
Inscrições: entre 21 e 30 de outubro de 2014
Informações e inscrições nas páginas eletrónicas do CFAE e do Centro de Formação Minerva.

O Teatrão integra o programa de formação “Oficina de Teatro” promovido pela Equipa de Educação Artística do Ministério da Educação e Ciência e que é acreditado pelo Conselho Cientifico-Pedagógico da Formação Contínua, tendo efeitos na progressão da carreira de Educadores de Infância, Professores dos Ensinos Básico e Secundário e Professores de Educação Especial.

Esta formação é uma iniciativa da Direção-Geral da Educação (DGE), que tem a decorrer há quatro anos o Programa de Educação Estética e Artística em Contexto Escolar (PEEA). O PEEA pretende desenvolver um conjunto de estratégias destinadas a aprofundar o conhecimento nos domínios das diferentes formas de arte, bem como o conhecimento das instituições culturais, proporcionando o alargamento dos hábitos de cultura entre a população escolar. No âmbito do PEEA, a DGE desenvolve, no quadro de um protocolo com a Organização dos Estados Iberoamericanos (OEI), um projeto na área do teatro infantil e juvenil que enfatiza a ligação dos públicos escolares com as Companhias de Teatro Portuguesas e a formação de docentes. São objetivos desta formação a valorização do teatro como forma de arte; a promoção do contacto direto com um conjunto de práticas teatrais; o incentivo a um contacto mais próximo com os públicos escolares, articulando a relação entre a Educação e a Cultura; o conhecimento de diferentes correntes dramatúrgicas portuguesas, clássicas e contemporâneas; e a valorização dos conteúdos curriculares de diferentes disciplinas nos vários níveis de ensino. Assim, têm sido levadas a efeito, a nível nacional, várias ações de formação de docentes e de técnicos dos serviços educativos das Companhias de Teatro, entre outros profissionais. No caso da presente Ação, a orientação das sessões está a cargo da equipa técnica e artística d'O Teatrão, coordenada por Jaime Soares, da Equipa de Educação Artística - Teatro, da DGE, e conta ainda com a parceria com o Centro de Formação Nova-Ágora e o Centro de Formação Minerva.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Ser o número um

David Mamet trabalhou numa agência imobiliária nos anos 60. Vinte anos mais tarde, nos chamados “anos dourados” de Reagan, escreveu NEGÓCIO FECHADO (no original, Glengarry Glen Ross), peça que lhe valeu o Pulitzer em 1984. Inspirada no mundo impiedoso dos agentes imobiliários que Mamet observou a digladiarem-se por prémios de produtividade – à custa dos seus colegas, inevitavelmente –, NEGÓCIO FECHADO é uma crítica à sociedade americana sua contemporânea. Mas aquele que é considerado um dos maiores dramaturgos norte-americanos de todos os tempos soube transcender as idiossincrasias dos vendilhões de Chicago, escrevendo uma obra que assenta bem a qualquer tempo, língua ou lugar. Nesta versão, em que a Chicago de Mamet se transforma em Almada, “os segundos são os primeiros dos últimos” – mostrando ser universal a desilusão escondida no reverso da medalha do Sonho Americano, que foi também, nos anos 90, o pequeno Sonho Português.

Estreado com grande sucesso em 2013 e reposto em 2014, esta comédia da Companhia de Teatro de Almada vem agora a Coimbra, numa parceria com O Teatrão que se inicia com a apresentação, em Almada, de duas peças d'O Teatrão ("Um Grito Parado no Ar" e "Conta-me Como É"). NEGÓCIO FECHADO conta com um elenco oito atores, entre os quais Pedro Lima e Marques D'Arede, que o público conhece bem pelas suas participações em séries televisivas.

David Mamet (n. 1947) monta os seus primeiros textos em Chicago e, a partir de 1975, no circuito off da Broadway: Perversidade sexual em Chicago (1974), Búfalo americano (1977) e Uma vida no teatro (1977). Mestre do diálogo, as suas peças breves mas densas assentam nas vidas das suas personagens, cuja solidão encontra eco na sociedade moderna. A linguagem de Mamet, um virtuoso construtor de enredos, distingue-se pelo ritmo quase musical, obtido através de pausas, de frases interrompidas e de um inconfundível jargão realista – simultaneamente violento e poético.

NEGÓCIO FECHADO (Teatro) 
De David Mamet | Encenação: Rodrigo Francisco 
Companhia de Teatro de Almada 
Sala Grande | 25 OUT | sábado | 21h30 | M12 | Entrada: entre €4 e €10 (descontos aplicáveis a quem comprar o bilhete do Programa TEATRO-OUTONO) | Lotação limitada!

©Rui Carlos Mateus

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Música da cidade

O bom jazz não tem dia ou hora para se ouvir, já se sabe. No entanto, o "swing" e o tom nostálgico de muitas das suas composições parecem mesmo feitos para a estação outonal que já se instalou na cidade. 

 A pensar nisso, os alunos de Jazz do Conservatório de Coimbra escolheram um programa para o último Combo de 2014 que inclui temas que apetece ouvir ao vivo, em boa companhia e deixando o mau tempo lá fora. Temas escritos por alguns dos grandes nomes do Jazz: Pat Metheny ("New Year" e "Question and Answer"), Freddie Hubbard ("Blues for Miles" e "Jodo"), Rodgers/Hary ("My funny valentine") e Roy Hargrove ("Strasbourg St. Denis"). Além destes, serão também tocadas composições originais de um dos alunos do Conservatório - Tiago Batista -, assim se cumprindo um dos objetivos desta programação de Combos de Jazz: estimular os futuros professionais a criar e apresentar ao público o seu próprio trabalho. Tiago Batista (vibrafone) fará também parte do "ensemble" que se apresenta na próxima quinta-feira, 23 de outubro, na OMT, juntamente com Pedro Jerónimo (trompete), Joni Axel (contrabaixo) e Diogo Alexandre (bateria). 

As temporadas de jazz organizadas em conjunto pel'O Teatrão e o Curso Profissional de Jazz do Conservatório de Música de Coimbra têm trazido à OMT combos de jazz e jam sessions apresentados por dezenas de jovens músicos que, ainda aprendizes, têm assim oportunidade de contactar com diversos públicos e desta forma dar passos fundamentais para a sua formação como futuros profissionais. Esta parceria, que tem enriquecido a oferta cultural e formativa de Coimbra, está igualmente a estender-se a outras áreas, com destaque para a coprodução e participação de alunos e professores do Conservatório na criação de espetáculos de teatro. É, por isso, uma parceria que estas duas instituições - vizinhas, por sinal - desejam aprofundar e que irá manter-se nos próximos tempos. 

Combo de Jazz (Música) 
Alunos do Conservatório de Música de Coimbra 
Tabacaria | 23 de outubro | quinta-feira | 22h | Entrada: €3 (preço único)

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Um Outono cheio de teatro!

Entre 25 de outubro e 23 de dezembro, O Teatrão apresenta na OMT sete espetáculos de teatro dirigidos a públicos de todas as idades. Sete espetáculos que têm em comum o facto de partirem de textos e dramaturgia contemporânea nacional e estrangeira, incluindo autores consagrados, como David Mamet, Patrick Suskind, José Sanchis Sinisterra ou Valter Hugo Mãe. Textos vencedores de inúmeros prémios e textos escritos por dramaturgos portugueses para o teatro que se faz, hoje, em Portugal, a que se junta uma grande amplitude de temas, são demonstração da pluralidade de espetáculos que o público de Coimbra poderá ver. Além disso, a maioria destas propostas tem origem em Companhias da Região Centro, pondo à vista a diversidade e vitalidade da criação artística neste território. 

Como forma de celebrar a riqueza e originalidade deste trabalho teatral, e porque todo ele merece ser visto, O Teatrão estabeleceu para esta programação de outono um preçário especial! Quem comprar cinco bilhetes poderá assistir aos sete espetáculos e quem comprar três bilhetes poderá assistir a cinco espetáculos, à escolha. Os bilhetes para o Programa TEATRO-OUTONO já estão à venda - aproveite!

Programa TEATRO-OUTONO

NEGÓCIO FECHADO 
De David Mamet | Encenação: Rodrigo Francisco 
Companhia de Teatro de Almada 
Sala Grande | 25 OUT | sábado | 21h30 | M12 

CONTA-ME COMO É 
De Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro | Encenação: Jorge Louraço Figueira
O Teatrão
Sala Grande | 31 outubro a 9 novembro | segunda a sexta | 21h30 | sábado e domingo | 19h | M12

O CONTRABAIXO 
De Patrick Süskind | Encenação: Antonio Mercado | Com António Fonseca
Coprodução O Teatrão e Conservatório de Música de Coimbra
Tabacaria | 8, 15, 22 e 29 novembro | sábado | 22h | M12

O FASCISMO DOS BONS HOMENS 
a partir de "A máquina de fazer espanhóis" de Valter Hugo Mãe
ACERT | Encenação: Pompeu José
Sala Grande | 12 NOV | quarta | 21h30 | M12

SANGUE NA GUELRA 
De Fernando Giestas | Encenação: Rogério de Carvalho
Coprodução Amarelo Silvestre e Teatro Viriato
Sala Grande | 21 NOV | sexta | 21h30 | M12

TEMPUS 
Direção: Cláudia Carvalho e Jonathan Azevedo
O Teatrão 
Sala de Ensaios | 27 NOV a 23 DEZ | segunda a sexta | 10h30 e 14h30 (sessões para escolas) | sábado | 17h (sessões para público geral) | M3

EU + 1 
a partir de textos de José Sanchis Sinisterra
Classe T – Grupo de Teatro Amador d’O Teatrão | Direção: Sílvio Carvalho
Sala Grande | 18 a 20 DEZ | quinta e sexta | 21h30 | sábado | 17h | M12

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O Portugal de hoje em dois atos

Esta semana, em Almada, dois pontos de vista poéticos e bem humorados sobre o que é viver, hoje, em Portugal. Um, com texto brasileiro de 1973, fala-nos de sonhos em tempos difíceis e das voltas que as pessoas dão à vida para os poderem concretizar. Outro, com textos de três dramaturgos portugueses de agora, fabrica uma versão própria do país real com personagens que tentam lidar com um quotidiano surreal. 

UM GRITO PARADO NO AR, escrito por Gianfrancesco Guarnieri em 1973, foi um dos textos que mais comoveu o Brasil nos tempos de resistência e que agora, adaptado à nossa realidade, onde o samba de Toquinho se transforma em fado, nos mostra as voltas que as pessoas dão à vida para poderem ter ou manter o seu trabalho e concretizar os seus sonhos. Sonhos em tempos difíceis, mas sonhos dos quais as personagens não podem abrir mão, embora corram o risco de serem engolidos pela realidade vertiginosa do quotidiano. Esta é, ao mesmo tempo, a peça mais alegre e lúdica de Guarnieri: uma celebração do mistério do teatro, com as suas mazelas e a sua grandeza, a sua desordem e o seu fascínio. 

CONTA-ME COMO É, que O Teatrão estreou este ano por ocasião do 25 de abril, é um conjunto de peças curtas, autênticos pedaços do Portugal contemporâneo surgidos da pena de três premiados dramaturgos e com os quais O Teatrão fabrica uma versão própria do país real. Com base nestas três visões particulares da realidade portuguesa, tentam recriar-se as formas de comunicação da imprensa, da rádio e da TV, que passam aos cidadãos uma versão oficial do país, formas de comunicação que neste espetáculo são passadas através do filtro poderoso do teatro. Este espetáculo será também reposto em Coimbra, na Oficina Municipal do Teatro, entre 31 de outubro e 9 de novembro.

Entretanto, a própria Companhia de Teatro de Almada, que acolhe estes dois espetáculos, visita pela primeira vez a OMT e logo com NEGÓCIO FECHADO, um poderoso texto escrito por um dos mais aclamados dramaturgos da atualidade, David Mamet, e vencedor do Prémio Pulitzer (1984).

O TEATRÃO no Teatro Municipal Joaquim Benite (Almada): 

UM GRITO PARADO NO AR 
de Gianfrancesco Guarnieri 
Direção: Antonio Mercado | 17 OUT | sexta | 21h30 | M16 

CONTA-ME COMO É 
de Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro 
Encenação: Jorge Louraço Figueira | 19 OUT | domingo | 16h | M12

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Teatro e Música à desgarrada!

Hoje, na Oficina Municipal do Teatro, há dose dupla de folia. Às 21h30, na Sala Grande, entra em cena o À DIREITA DE DEUS PAI, Uma Desgarrada em Dois Atos. Logo a seguir, às 23h e na Tabacaria, é a vez de os alunos de Jazz do Conservatório de Música de Coimbra entrarem em modo de improviso para mais uma Jam Session.

À DIREITA DE DEUS PAI, Uma Desgarrada em Dois Atos (Teatro) 
a partir da obra de Tomás Carrasquilla 
Uma produção O Teatrão e Trincheira Teatro, no âmbito da incubadora artística Plataforma T2 
Sala Grande | 8 a 12 OUT | 4ª a sáb | 21h30 | dom | 17h e 21h30 | M12

JAM SESSION (Música) 
Alunos do Curso Professional de Jazz do Conservatório de Música de Coimbra
Tabacaria | 10 OUT | sexta | 23h | Entrada livre

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Uma "Trincheira" de folia

Jesus e São Pedro descem à terra e disfarçam-se de peregrinos para poderem testar a caridade de Peralta, camponês que, mesmo não tendo um tostão, tem coração para dar e vender. Habituado a partilhar tudo o que tem com os seus próximos, o honesto Peralta supera a prova celestial com distinção e vê-se premiado com um monte de patacas de ouro e cinco desejos à sua escolha. No entanto, os seus pedidos são tão estrambólicos que vêm abalar a ordem natural das coisas, e até a Morte e o próprio Diabo vêm dar um ar da sua graça nesta comédia cheia de peripécias.

À DIREITA DE DEUS PAI, Uma Desgarrada em Dois Atos (Teatro) 
a partir da obra de Tomás Carrasquilla
Uma produção O Teatrão e Trincheira Teatro, no âmbito da incubadora artística Plataforma T2
Sala Grande | 8 a 12 OUT | 4ª a sáb | 21h30 | dom | 17h e 21h30 | M12


À DIREITA DE DEUS PAI é um projeto teatral que nasce no âmbito da Plataforma T2, uma incubadora para jovens licenciados e profissionais de teatro que O Teatrão gerou com o intuito de apoiar novos criadores, de os pôr no terreno a aplicar conhecimentos adquiridos e, ao mesmo tempo, a ser agentes de transformação da própria criação artística e da relação das populações com o teatro. A PT2 é também uma forma de O Teatrão colocar os seus meios e conhecimentos à disposição de outros olhares e sensibilidades e que daqui surjam novas relações, propostas, trabalhos e… sonhos.

Estreia agora este espetáculo criado por uma nova estrutura, a Trincheira Teatro, constituída por jovens atores cujo sonho do teatro faz avivar uma voz pessoal interior que, maldita ou bendita, não os deixa desistir da sua arte. Um grupo que quer celebrar um teatro aberto e fervilhante, que busca essa maneira de trabalhar paredes meias com o outro, em prol de um mesmo objetivo comum: juntar gente. Este movimento agregador tem ainda uma outra – e determinante – dimensão, pois faz integrar no espetáculo cinco jovens estudantes de teatro, futuros companheiros que podem, com esta experiência, começar a desenhar o seu próprio caminho. Com eles, são catorze alegres comparsas em cena. 

E assim surge À DIREITA DE DEUS PAI, cujo protagonista, o raro e generoso camponês Peralta, sonha com uma vida melhor para si e para os que o rodeiam e que um dia se vê recompensado por Jesus e São Pedro com cinco desejos à sua escolha. Entre Deus e o Diabo, rock e música popular, bailes de aldeia, "mariachis", esquimós e patacas milagrosas, até onde chegará Peralta?

O espetáculo, baseado no conto escrito em 1908 pelo colombiano Tomás Carrasquilla Naranjo, é, por tudo isto, construído em jeito de desgarrada, cheia de jogos corais e canções. Uma desgarrada jogada à maneira da antiga comédia latina, onde o profano e o sagrado se misturam sem dó nem pudor e se brinca incessantemente com o universo referencial do público. A fábula – a história de Peralta – é a linha que une essa manta de retalhos coletivos, comuns tanto à plateia como aos atores. Uns, como outros, têm aqui oportunidade para se deixar envolver pelo espírito de folia, diversão e energia com que este espetáculo é feito.

Fotografia de ensaio: ©Carlos Gomes

FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Título: À Direita de Deus Pai, uma desgarrada em dois atos | Dramaturgia: do grupo, a partir de Tomás Carrasquilla Naranjo | Com: Celso Pedro, Diogo Binnema, Filipe de Góis, Marta Nogueira, Miguel Lança, Natália Cardoso, Pedro Lamas, Telmo Ferreira e Vânia Fernandes | Elenco Convidado: Carolina Carvalhais, Daniela Cardoso, João Amorim, João Alves, Rafael Cid | Consultoria Artística: O Teatrão - Plataforma T2 | Direção: Pedro Lamas | Desenho de Luz: Jonathan de Azevedo | Consultoria de Cenografia e Figurinos: Filipa Malva | Guarda Roupa: Marta Nogueira e Trincheira Teatro | Apoio à construção de cenário: Diogo Pinho e Teatro em Caixa | Apoio Musical: Nuno Gomes | Grafismo: Unit.Lab | Fotografia: Carlos Gomes | Vídeo: Tiago Campos | Produção Executiva: Celso Pedro e Trincheira Teatro | Comunicação: Ana Bárbara Queirós, Inês Mourão, Margarida Sousa e Pedro Lamas | Apoio à divulgação on-line: Creativus ADDAC, Crl | Direção Técnica: João Castro Gomes | Equipa Técnica: Alexandre Mestre, Rui Capitão e João Castro Gomes | Apoio Técnico e Logístico: O Teatrão | Direção de Produção: Cátia Oliveira | Produção: Plataforma T2 - O Teatrão 2014
Entidades parceiras: Creativus ADDAC, Crl | Sótão do Vizinho
Duração: aprox. 75 min

sábado, 4 de outubro de 2014

A brincar com Shakespeare

TO PLAY: atuar, interpretar, jogar, brincar… Tudo o que se pode – e deve! – fazer com as peças escritas pelo mais genial de todos os dramaturgos. Neste ano em que o mundo celebra os 450 anos do nascimento de Shakespeare, O Teatrão convida-vos para uma fascinante aventura: atuar, interpretar, jogar e brincar com cenas de três das suas peças mais famosas (Romeu e Julieta, Sonho de uma Noite de Verão e A Fera Amansada). No final, a 28 de fevereiro, haverá uma apresentação aberta ao público.

A Oficina está a cargo do encenador e professor ANTONIO MERCADO, com larga experiência em encenações shakespearianas, incluindo na Royal Shakespeare Company.

OFICINA "PLAYING SHAKESPEARE"
Orientação: Antonio Mercado
18 OUT a 28 FEV | sábado | 14h30-18h30
Inscrição: €10 | Mensalidade: €40
Destinatários: Jovens estudantes de teatro, amantes de teatro, público em geral
Inscrições até 10 OUT | Formação limitada a 20 participantes | M16

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

De barco aparelhado


Seguindo no rasto das terras unidas há 950 por D. Sesnando Davides, os dois episódios do espetáculo O ALVAZIL DE COIMBRA chegam esta semana a Penela (episódio 1), Miranda do Corvo (episódio 2) e Soure (episódio 1). Para trás ficaram Verride, Pombal, Lousã, Coimbra e Figueira da Foz e cinco apresentações que juntaram, em cada localidade, grupos etnográficos e de teatro amador, bandas filarmónicas e cidadãos que quiseram participar nesta aventura, como que inspiradas pelo espírito unificador de D. Sesnando. Se no séc. XI foi a defesa de Coimbra contra os mouros que provocou a construção de castelos e muralhas e agregou toda esta região, hoje é o teatro que cumpre esse especial desígnio. D. Sesnando Davides é, para nós, símbolo de tolerância e de uma prosperidade económica baseada na conjugação de esforços e não na sua divisão. É assim também o teatro: um espaço onde gente diferente se une para construir uma obra que é de todos - os que a fazem e os que a ela assistem.

O ALVAZIL DE COIMBRA tem sido, por isso, uma viagem emocionante que nos tem permitido partilhar trabalho, histórias, memórias e até salas de teatro que esta região possui e que merecem ser recuperadas para receber aquilo que todos estes grupos e coletividades insistem em preservar: a sua cultura, a sua música, o seu teatro, o seu modo próprio de viver enquanto comunidades. A nossa esperança é que este encontro estimule a vontade de mais pessoas para se juntar e descobrir novas experiências de trabalho que possam, por sua vez, alargar-se às terras vizinhas.

Em Penela, Miranda do Corvo e Soure, o público poderá ainda ver, pela última vez, a Companhia dos Faunos do Rio, esse grupo de atores que consegue viajar pelo tempo e que, em 2014, vai até ao final do séc. XIX, um período vivido entre grande instabilidade económica e social, mas que trouxe igualmente enormes transformações. Também Os Faunos estão, portanto, em mudança. Está na hora de voltarem à sua "casa" (o Rio Mondego) e deixar para trás palavras, encontros, lágrimas e sorrisos, enfim, memórias que o teatro grava na pele de quem o vive e que são, por isso mesmo, imortais - tal como é D. Sesnando...

Encerra-se, portanto, este ciclo de espetáculos de rua que O Teatrão produziu desde 2011 na região do Baixo Mondego e que procurou estabelecer uma nova relação das populações com o teatro e com a sua própria terra, também. Acreditamos que algumas sementes terão ficado debaixo das pedras que todos pisámos e que outros projetos germinarão, se não em breve, pelo menos daqui a 950 anos! É que, como bem escreveu Torga, "(...) Em qualquer aventura / O que importa é o partir, não o chegar."

Em Penela, o espetáculo será apresentado na sexta, dia 3 de outubro, às 21h, no Castelo (ou no Pavilhão Multiusos de Penela, caso chova), em Miranda do Corvo a sessão decorre no sábado, às 17h30, no Alto do Calvário (ou na Casa das Artes, se chover) e no domingo, 5 de outubro, será em Soure, às 17h30, em frente à Câmara Municipal (ou na Casa do Povo de Vila Nova de Anços, se chover). A entrada nos espetáculos é livre. 

O ALVAZIL DE COIMBRA (TEATRO DE RUA)
O Teatrão | Comemorações dos 950 anos do governo de D. Sesnando - Rede de Castelos e Muralhas do Mondego | Entrada livre, sujeita aos lugares disponíveis

Episódio 1: Castelo de Penela (ou Pavilhão Multiusos, caso chova) | 3 out | sex | 21h | Paços do Concelho de Soure (ou Casa do Povo de Vila Nova de Anços, caso chova) | 5 out | sáb | 17h30
Episódio 2: Alto do Calvário (Miranda do Corvo) (ou Casa das Artes, se chover) | 4 out | sáb 17h30