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quinta-feira, 6 de junho de 2013

Mostra São Palco: HYSTERIA

HYSTERIA
Grupo XIX de Teatro
COLÉGIO DAS ARTES | 8 e 9 de junho | sábado e domingo | 17h | M14

No final do século XIX, nas dependências de um hospício feminino carioca, cinco personagens internadas como histéricas revelam seus desvios e contradições - reflexos diretos de uma sociedade em transição, na qual os valores burgueses buscavam adequar a mulher a um novo pacto social.

Cenicamente, abdica-se do palco e dos recursos de sonoplastia e iluminação, optando-se por um espaço não convencional, no qual a plateia masculina é separada da plateia feminina que é convidada a interagir com as atrizes. Esta interação, aliada a textos previamente elaborados, gera uma dramaturgia híbrida, única a cada apresentação. 

©Adalberto Lima

GRUPO XIX DE TEATRO
Coletivo nascido no Centro de Artes Cénicas da Universidade de São Paulo, a partir de pesquisa académica. Os seus espetáculos narram dramas sociais e políticos, apresentados em edifícios antigos, invariavelmente abandonados, aproveitando a arquitetura como cenografia e a luz natural como iluminação. A génese do grupo segue a tendência dos chamados processos colaborativos na cena contemporânea brasileira da viragem do milénio. A afirmação do vínculo do teatro com a cidade, e vice-versa, fica patente já na primeira produção, “Hysteria”, que estreia no circuito académico em novembro de 2001, mas só vai chamar a atenção do público e dos média no Festival de Teatro de Curitiba, em março do ano seguinte. O diretor Luiz Fernando Marques e as atrizes Gisela Millás, Janaina Leite, Juliana Sanches, Raissa Gregori e Sara Antunes são protagonistas de uma aventura teatral que os leva não só a outros Estados, percorrendo festivais, mas também a França, Portugal e Cabo Verde. (Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro).

©Adalberto Lima

FICHA TÉCNICA
Criação, Pesquisa de Texto, Figurinos: Grupo XIX de Teatro Elenco: Evelyn Klein, Mara Helleno, Janaina Leite, Juliana Sanches e Tatiana Caltabiano Direção: Luiz Fernando Marques Produção: Grupo XIX de Teatro Produção Executiva: Vanessa Candela

terça-feira, 4 de junho de 2013

Mostra São Palco: ORFEU MESTIÇO - UMA HIP-HÓPERA BRASILEIRA

ORFEU MESTIÇO – UMA HIP-HÓPERA BRASILEIRA
Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
OMT | Sala Grande | 5 e 6 de junho | quarta e quinta | 21h30 | M14

Com seis atores e oito músicos em cena, Orfeu Mestiço narra o retorno de um político ao seu passado atrelado à ditadura militar. Um telefonema sobre a exumação do corpo da sua companheira, Eurídice, coloca Orfeu em contacto com um passado que por anos ele tentou esquecer. A partir deste conflito, o texto inspirado nos mitos órficos (de morte e renascimento) evoca no espaço cénico (um terreiro eletrónico) personagens de várias épocas que guiarão Orfeu na sua descida aos infernos.

©Tatil Brandão


O Núcleo Bartolomeu de Depoimentos da Cooperativa Paulista de Teatro nasceu em 1999, a partir do encontro de artistas de diversas áreas motivados pela ideia de concretizar uma obra cénica híbrida, criada e executada pelos diferentes pontos de vista desses artistas envolvidos.

O foco da sua pesquisa de linguagem é o diálogo entre a cultura hip-hop (com a contundência da autorepresentação como discurso artístico) e seus elementos: a dança de rua/break; o DJ – música; o mc/rapper, responsável e criador do improviso que gera ritmo e poesia – rap; artes gráficas/grafitti – feito pelo artista de rua, e o teatro épico com seus recursos: o caráter narrativo apoiado por uma dramaturgia que se configura depoimento do processo histórico, como instrumento que elucida uma conceção do mundo, e coloca o ator-narrador em face a si mesmo como objeto de pesquisa; como homem mutável; homem em processo, fruto do raciocínio, da reflexão. O Núcleo investiga e investe na formação do ator-mc (artista nascido a partir desse casamento estético), como potente interlocutor entre a verdade nua e crua do dia-a-dia e a obra de arte.

©Zaiza Siqueira

FICHA TÉCNICA
Texto e Direção: Claudia Schapira Direção Musical: Eugênio Lima e Roberta Estrela D’Alva Direção de Movimento e Coreografias: Luaa Gabanini Atores-MCs: Cristiano Meireles [Orfeu Jovem] Daniele Evelise [Eurídice, Celestina] Eugênio Lima [Orfeu] Luaa Gabanini [Maria Alice, Mãe do Dops, Dançarina - Corifeia] Ricardo Leite [Coronel, Padre Léo, Chefe do Dops, General] Roberta Estrela D’Alva [MC-Griot-Corifeu] Músicos-Ogãs: Alan Gonçalves, Cássio Martins, Eugênio Lima e Grupo Treme Terra: Bruna Braga, Bruna Maria, Daniel Laino, Giovane Di Ganzá, Lígia Nicacio e Antônio Malavoglia. Assistente de Direção: Éder Lopes Cenografia: Daniela Thomas Cenografa Assistente: Bianca Turner Figurinos: Claudia Schapira Vídeo: Tatiana Lohmann e ZoomB Laboratório Audiovisual Operadora de Vídeo: Astronauta Mecânico Desenho de Luz: Francisco Turbiani [sob orientação de Cibele Forjaz] Operador de Luz: Carolina Autran Engenharia de Som: Dr Aeilton e Eugênio Lima Operador de Som: Dr Aeilton Produção ópera: Iramaia Gongora Direção de Produção: Carla Estefan Programação Visual: satocasadalapa Administração Núcleo Bartolomeu: Mariza Almeida

domingo, 2 de junho de 2013

Mostra São Palco: VAI-TE CATAR!

VAI-TE CATAR!
De Roberta Estrela D’Alva
Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
TAGV | 4 junho| terça | 18h30 e 21h30 | M12 | 80min

Em cena, uma atriz, um microfone e um tapete imaginário. Embaixo dele, sujeiras, cacos, estilhaços de histórias, fantasias, fragmentos de vida, lascas de mágoas, pó de esquecimento, fios de recordações. Pedaços de cacos quebrados que, reunidos e colados novamente dão origem a uma nova peça. A palavra tem papel fundamental nessa pesquisa: o de pulsar com o ator no ritmo intenso da cidade,em busca de uma visceralidade, trazendo a linguagem das ruas e usando-a sonoramente. Uma “fala percurssiva”, criando estados, numa relação olho no olho com o público. A música como texto, e o texto como música. Uma experiência inédita que através do “spoken word*” (poesia falada), e influenciado pelos “slams**”, faz uma viagem pelo universo das palavras.

Spoken word* - Literalmente "palavra-falada", ou conceitualmente "poesia falada", é o nome dado à uma forma de performance na qual as pessoas recitam textos.
Slams**- Competições de “spoken word”, criadas em 1986 em Chicago, pelo poeta Marc Smith, hoje populares em muitos países como França e Bélgica. Em um Slam os poemas devem ser autorais, ter no máximo 3 minutos e os poetas não podem utilizar acompanhamento musical, figurinos ou cenário, focando-se apenas no “jogo” com a palavra.

©Núcleo Bartolomeu de Depoimentos

VAI TE CATAR! - A PESQUISA
O objetivo dessa pesquisa é investigar como se dá o desenvolvimento da interpretação do ator-mc, tendo como ponto de partida o "spoken word" e o que isso implica no resultado tanto estético quanto ético da sua linguagem, o Teatro Hip Hop.
Uma mudança fundamental e significativa, é que o ator passa a ser o dramaturgo da sua própria obra, tendo total responsabilidade sobre o que vai narrar (o que já acontece com os Mc's desde seu surgimento, onde os raps são sempre autorais).
Também passa a ser seu próprio diretor, pois a maneira a qual este texto vai ser apresentado também é encargo seu. Ou seja o ator-MC torna-se responsável pela obra do começo ao fim, do momento em que ela sai da sua mente para o papel ao momento em que ela se materializa aos olhos do público. Experiência a articulação de um pensamento, de um conceito e de um método, inteiramente.

 ©Núcleo Bartolomeu de Depoimentos

FICHA TÉCNICA
Concepção geral, textos, direção musical,“spoken words”: Roberta Estrela D’Alva Produção Musical: Pipo Pegoraro e Roberta Estrela D’Alva Desenho de Luz: Marisa Bentevigna Figurino: Alex Kazuo Consultoria Artística: Daniel Lima Operação de som: Luaa Gabanini Operação de Luz: Carol Autran Produção em Portugal: Carla Estefan Preparação Corporal: Cecília Gobeth Preparação Vocal: Andrea Drigo Treinamento de yoga: Alexandre Polain Gravação vovó e vídeo: Thomás Fujita Gravação aula de ballet: Sérgio Roisenblitz Participação especial “aula de ballet”: Flora Bellenzani Desenhos: Cibele Lucena Programação Visual: Sato

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Mostra São Palco: HYGIENE

HYGIENE (Teatro de rua)
Grupo XIX de Teatro | Largo da Sé Velha | 31 de maio e 1 de junho | sexta e sábado | 19h | M14 | Duração: 80 min | Entrada gratuita, sujeita a reserva
Prémio Qualidade Brasil 2005

Encenada à luz do dia, originalmente, nos prédios históricos da Vila Operária Maria Zélia (1917), a peça é baseada numa pesquisa sobre o processo de higienização urbana no Brasil do fim do século XIX, onde um grande contingente de culturas e ideias dividem o mesmo teto - o cortiço. E desse caldeirão de misturas surgem os embriões de importantes manifestações da nossa identidade, assim como as desigualdades sociais que marcam profundamente os nossos dilemas atuais.

“Hygiene” faz uma reflexão sobre o momento histórico em que o Brasil se construía numa velocidade acelerada recebendo diariamente milhares de imigrantes. É esse contingente de culturas e ideias que coabitavam nos grandes cortiços do centro do Rio de Janeiro.

Contando a história de operários, imigrantes, lavadeiras, meretrizes, ex-escravos, curandeiros, comerciantes do Rio de Janeiro da virada do século XIX/XX, quando a habitação se tornou numa questão pública e a sociedade, inspirada por modelos urbanos europeus, resolve pôr em prática a ideia de uma casa unifamiliar, o Grupo XIX de Teatro traz à tona as características que vão marcar profundamente a construção da identidade brasileira. O samba, o sincretismo religioso, as lutas operárias, entre outras manifestações sócio-culturais, geraram os seus embriões nessas habitações coletivas. Colocar essas vidas do passado em contacto com os nossos dias atuais é pôr em foco os dilemas e desafios brasileiros para o futuro.

A peça propõe uma ocupação espacial em escala urbana, ou seja, transborda o limite do edifício para tomar o espaço público, a rua.

©Carlos Gomes - Rua Fernandes Tomás, em Coimbra, 2012

FICHA TÉCNICA
Pesquisa e Criação: Grupo XIX de Teatro Dramaturgia: Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim, Ronaldo Serruya e Sara Antunes Elenco: Janaina Leite, Joana de Freitas, Juliana Sanches, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim, Ronaldo Serruya e Tatiana Caltabiano Direção: Luiz Fernando Marques Figurinos: Renato Bolelli Contrarregra: Felipe Cruz Produção: Grupo XIX de Teatro Produtora Executiva: Vanessa Candela

terça-feira, 28 de maio de 2013

O melhor do Teatro de S.Paulo volta a Coimbra

De 31 de maio a 9 de junho, e pelo segundo ano consecutivo, O Teatrão volta a trazer a vários espaços da cidade de Coimbra trabalhos exemplares de alguns dos grupos de referência da cidade de São Paulo, no âmbito da MOSTRA SÃO PALCO. O público que se queira deslocar à Oficina Municipal do Teatro, ao  Teatro Académico de Gil Vicente, ao Colégio das Artes e Largo da Sé Velha para assistir aos trabalhos do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e do Grupo XIX de Teatro poderá fazê-lo numa de duas datas à escolha, já que cada espetáculo apresentará duas sessões, ao invés das sessões únicas que a edição do ano passado oferecia.

A colaboração com outras entidades e instituições faz com que este ano o público possa ainda assistir a espetáculos São Palco em noutras cidades do território português, a saber: Santa Maria da Feira (Imaginarius), Porto (FITEI), Torres Novas (Teatro Virgínia) e Torres Vedras (Teatro-Cine).

Com origem em métodos muito diversos (que vão da improvisação coletiva à adaptação de textos narrativos, passando por uma dramaturgia de fragmentação e coralidade), o desenvolvimento da linguagem teatral destes grupos teve sempre como pano de fundo o retrato cénico da cidade de São Paulo, e as releituras que são feitas por cada companhia dos mitos, estórias ou mesmo da História são sempre à luz de uma visão sobre o Brasil contemporâneo.




MOSTRA SÃO PALCO:

HYGIENE (Teatro de Rua)
Grupo XIX de Teatro
LARGO DA SÉ VELHA - COIMBRA | 31 maio e 1 junho | sexta e sábado | 19h | M14 | Entrada livre (sujeita a reserva)

A DÓCIL
Folias
4 e 5 junho | CANCELADO

VAI-TE CATAR
Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
Teatro Académico de Gil Vicente | 4 de junho | terça | 18h30 e 21h30 | M12 | Bilhetes à venda no TAGV

ORFEU MESTIÇO – UMA HIPHÓPERA BRASILEIRA
Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
OMT | Sala Grande | 5 e 6 de junho | quarta e quinta | 21h30 | M14 | Entrada: €5 (preço único)

HYSTERIA
Grupo XIX de Teatro
COLÉGIO DAS ARTES | 8 e 9 de junho | sábado e domingo | 17h | M14 | Entrada: €5 (preço único)

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A mercadoria emancipa?

ÓPERA DOS VIVOS | Companhia do Latão | TAGV | 8 de junho | sexta | 21h30 | Bilhetes à venda no TAGV

    
 ©Companhia do Latão 

“Ópera dos Vivos” é o resultado de um estudo iniciado pela Companhia do Latão em meados de 2007. Após a encenação de “O Círculo de Giz Caucasiano”, texto de Brecht, o grupo desenvolve o seu núcleo de cinema e realiza uma série de experiências audiovisuais. Dois desses trabalhos, “Senhorita L” (2007) e “Ensaio sobre a Crise” (2009) foram apresentados em televisões públicas. O contacto com situações de produção especializadas, com realidades de trabalho muito distintas da improvisação ou coletivização das práticas, comuns no teatro de grupo, passou a inspirar uma pesquisa sobre a mercantilização do trabalho artístico atual e sua ideologia. Por força da estratégia brechtiana que fundamenta o grupo, a primeira fase dos ensaios foi marcada pelo deslocamento do assunto para um contexto histórico diverso. Foram assim realizados estudos sobre o teatro do século XVIII. O próprio nome “Ópera dos Vivos” é uma alusão aos espetáculos feitos por atores de carne e osso, em contraste com o teatro de bonecos que predominava no Rio de Janeiro colonial. Com o desenvolvimento da pesquisa, o projeto de uma peça histórica sobre os artistas desclassificados do Brasil colónia (que montavam óperas italianas) foi suspenso. O grupo retorna em 2008 aos improvisos sobre a indústria cultural. Elege como tema de pesquisa cénica a atualidade da música popular brasileira, televisão e show business, num diálogo com um debate já apontado pelo espetáculo “O Mercado do Gozo”, de 2003. Teve início, assim, uma segunda fase de ensaios (ao longo de 2008), que conviveu com a conclusão do projeto “Companhia do Latão dez anos”. Este projeto demandou enormes esforços para remontagens de vários espetáculos, lançamentos de três livros e oito videodocumentários sobre a história do grupo. Nessa fase predominaram exercícios de improvisação sobre artistas da nova geração que em condição periférica reproduzem padrões estéticos mundializados. 

Uma mudança mais radical no rumo dos estudos para “Ópera dos Vivos” ocorreu no ano de 2009. Em paralelo às viagens por todo o Brasil para apresentações e difusão dos livros, optaram por realizar novos estudos sobre a produção artística dos anos 1960. Voltavam ao debate sobre os “mortos” e “vivos” da cultura, responsáveis pelas mais importantes realizações de uma arte que se pretendeu também nacional. O tema já havia sido sondado pelo grupo em “Equívocos Colecionados”, espetáculo de 2004, restrito, na ocasião, ao diálogo com a filmografia de Glauber Rocha. O objetivo da guinada nos ensaios era discutir as formas da indústria cultural brasileira a partir do embate com seu passado, numa investigação sobre as contradições entre ideias e situações produtivas. Inspirados pelo ensaio “Cultura e Política”, de Roberto Schwarz, os artistas do grupo dedicam-se, então, a um grande trabalho de leituras, entrevistas e experiências cénicas, em que traçam as bases teóricas para uma dramaturgia que não poderia ser de um único espetáculo, mas de um repertório. Assim, no ano de 2010, as estruturas cénicas e dramatúrgicas ganham corpo. “Ópera dos Vivos” torna-se num espetáculo-estudo composto por quatro peças mais ou menos independentes. Os seus temas são variados: três atos parecem estar mais no passado e o último na atualidade, mas essas ênfases deslocam-se a todo o tempo na medida em que se acentua a reflexão sobre o trabalho da cultura. Personagens saem de uma narrativa e atravessam outra. Teatro, filme, show, drama televisivo: a própria forma está no centro do assunto reflexivo. Sendo um estudo que parte dos anos 1960, período que ainda dá categorias e alguma substância ao imaginário nacional contemporâneo, a dialética da cultura que se mercantiliza é, também aqui, uma história política. 

FICHA TÉCNICA 
Elenco: Helena Albergaria, Ney Piacentini, Martin Eikmeier, Rodrigo Bolzan, Carlos Escher, Maurício Braz, Adriana Mendonça, Renan Rovida, Rogério Bandeira, Carlota Joaquina e Ana Petta Direção Musical: Martin Eikmeier Iluminação: Melissa Guimarães Cenografia: Renato Bolelli Rebouças e Vivianne Kiritani Coordenação de cinema: Luiz Gustavo Cruz Pesquisa de Dramaturgia: Roberta Carbone e Filipe Moraes Direção de Produção: João Pissarra Direção e dramaturgia: Sérgio Carvalho 

 
©Bob Sousa 

A COMPANHIA DO LATÃO - companhiadolatao.com.br 
Inspirado na tradição brechtiana, o trabalho da Companhia do Latão desenvolve-se desde 1996. Com “O Nome do Sujeito” (1998), escrita pelos dramaturgos e diretores Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano a partir da improvisação dos atores, teve início o exame da vida nacional brasileira segundo os recortes determinados por uma reflexão dialética aliada a um trabalho baseado na produção coletiva dos materiais mais tarde traduzidos em dramaturgia. (…) Radicalmente experimentais, a cena e o texto da Companhia do Latão traduzem o empenho em levar às últimas consequências a superação dos limites formais do repertório brasileiro. (…) A companhia tornou-se uma referência para o teatro em São Paulo no que se refere à conjugação de pesquisa estética avançada e politização da cena. (Iná Camargo Costa, Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe.)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O gemido do passado

HYGIENE 
Grupo XIX de Teatro | Largo da Sé Velha | 7 de junho | quinta | 20h | M14 | Duração: 90 min
Prémio Qualidade Brasil 2005 

 
 © Adalberto Lima 

Encenada à luz do dia, originalmente, nos prédios históricos da Vila Operária Maria Zélia (1917), a peça é baseada numa pesquisa sobre o processo de higienização urbana no Brasil do fim do século XIX, onde um grande contingente de culturas e ideias dividem o mesmo teto - o cortiço. E desse caldeirão de misturas surgem os embriões de importantes manifestações da nossa identidade, assim como as desigualdades sociais que marcam profundamente os nossos dilemas atuais. 

“Hygiene” faz uma reflexão sobre o momento histórico em que o Brasil se construía numa velocidade acelerada recebendo diariamente milhares de imigrantes. É esse contingente de culturas e ideias que coabitavam nos grandes cortiços do centro do Rio de Janeiro. 

Contando a história de operários, imigrantes, lavadeiras, meretrizes, ex-escravos, curandeiros, comerciantes do Rio de Janeiro da virada do século XIX/XX, quando a habitação se tornou numa questão pública e a sociedade, inspirada por modelos urbanos europeus, resolve pôr em prática a ideia de uma casa unifamiliar, o Grupo XIX de Teatro traz à tona as características que vão marcar profundamente a construção da identidade brasileira. O samba, o sincretismo religioso, as lutas operárias, entre outras manifestações sócio-culturais, geraram os seus embriões nessas habitações coletivas. Colocar essas vidas do passado em contacto com os nossos dias atuais é pôr em foco os dilemas e desafios brasileiros para o futuro. 

A peça propõe uma ocupação espacial em escala urbana, ou seja, transborda o limite do edifício para tomar o espaço público, a rua. 

FICHA TÉCNICA 
Pesquisa e Criação: Grupo XIX de Teatro Dramaturgia: Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim, Ronaldo Serruya e Sara Antunes Elenco: Janaina Leite, Juliana Sanches, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim, Ronaldo Serruya e Tatiana Caltabiano Direção: Luiz Fernando Marques Figurinos: Renato Bolelli Contrarregra: Felipe Cruz Produção: Grupo XIX de Teatro Produtora Executiva: Graziella Mantovani 

 
© Adalberto Lima 

GRUPO XIX DE TEATRO - grupoxix.com.br Coletivo nascido no Centro de Artes Cénicas da Universidade de São Paulo, a partir de pesquisa académica. Os seus espetáculos narram dramas sociais e políticos, apresentados em edifícios antigos, invariavelmente abandonados, aproveitando a arquitetura como cenografia e a luz natural como iluminação. A génese do grupo segue a tendência dos chamados processos colaborativos na cena contemporânea brasileira da viragem do milénio. A afirmação do vínculo do teatro com a cidade, e vice-versa, fica patente já na primeira produção, “Hysteria”, que estreia no circuito académico em novembro de 2001, mas só vai chamar a atenção do público e dos média no Festival de Teatro de Curitiba, em março do ano seguinte. O diretor Luiz Fernando Marques e as atrizes Gisela Millás, Janaina Leite, Juliana Sanches, Raissa Gregori e Sara Antunes são protagonistas de uma aventura teatral que os leva não só a outros Estados, percorrendo festivais, mas também a França, Portugal e Cabo Verde. (Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro).

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Trans-dramático

LUIS ANTONIO-GABRIELA (Prémio Shell 2011, Prémio APCA 2011, Prémio CPT 2011) | Documentário cénico | Companhia Mungunzá de Teatro | OMT | Sala Grande | 3 de junho | domingo | 21h30 | Maiores de 16 | 70 min.

©Priscila Prade 

Neste espetáculo, o diretor Nelson Baskerville coloca em cena a sua própria história, em que o irmão mais velho, homossexual, Luis Antonio, desafia as regras de uma família conservadora dos anos 1960 e parte para Espanha sob o nome de Gabriela. O documentário cénico Luis Antonio-Gabriela tem início no ano de 1953, com o nascimento de Luis Antonio, filho mais velho de cinco irmãos, que passou a infância, adolescência e parte da juventude em Santos até ir embora para Espanha aos trinta anos. O espetáculo foi construído a partir de documentos e dos depoimentos do ator e diretor Nelson Baskerville, da sua irmã Maria Cristina, de Doracy, sua madrasta, e de Serginho, cabelereiro em Santos e amigo de Luis Antonio, e narra a sua história até ao ano de 2006, data da sua morte em Bilbao, onde vivera até então, como Gabriela.

A PARTIR DE FACTOS VERÍDICOS
"Em 2002, recebi uma ligação de minha segunda mãe, Doracy – segunda mãe porque minha primeira faleceu após o meu parto, fazendo meu pai, Paschoal, viúvo com 6 filhos, casar com a Dona Doracy, viúva com três filhos, quando eu tinha dois anos – ela me ligou pra dizer que Luis Antonio havia morrido na Espanha. Luis Antonio, pra mim, era aquele irmão, oito anos mais velho, que sempre mantive na sombra. (…) Maria Cristina empreendeu então uma jornada fadada ao fracasso que era saber notícias do paradeiro dele. Depois de alguns meses, através da embaixada brasileira na Espanha ela o encontrou. Mas não exatamente da forma que esperava. Luis Antonio estava vivo, morava em Bilbao e a partir disso começámos a tentar formar e entender aquela lacuna de 30 anos que nos separavam dele." – Nelson Baskerville


FICHA TÉCNICA 
Texto: Companhia Mungunzá de Teatro, a partir de argumento de Nelson Baskerville Intervenção dramatúrgica: Verônica Gentilin Elenco: Day Porto, Sandra Modesto, Verônica Gentilin, Virginia Iglesias, Lucas Bêda, Marcos Felipe Direção: Nelson Baskerville Diretora Assistente / Preparadora Corporal: Ondina Castilho Direção Musical / Composição / Arranjos: Gustavo Sarzi Assistente de Direção: Camila Murano Técnico / Performance: Pedro Augusto Trilha Sonora: Nelson Baskerville / Gustavo Sarzi Preparação Vocal: Renato Spinosa Iluminação: Nelson Baskerville e Marcos Felipe Cenário e Adereços: Nelson Baskerville e Marcos Felipe Artista Plástico: (Cena Guggenheim) Thiago Hattnher Figurinos: Camila Murano Visagismo: Raphael Henry Vídeos / Edição de Imagens e Vídeos: Patrícia Alegre Projeto Gráfico: Sandro Debiazzi, Lucas Beda e Nelson Baskerville Diagramação: Sandro Debiazzi Fotografia: Bob Sousa e Mariana Beda Assessoria de Imprensa: Morente Forte Produção Executiva: Danielle Cabral e Sandra Modesto Produção Geral: Companhia Mungunzá de Teatro Proponente Jurídico: Cooperativa Paulista de Teatro

COMPANHIA MUNGUNZÁ DE TEATRO 
Criada em 2006, a Mungunzá estreou-se em 2008 com “Por que a criança cozinha na polenta?”, a partir do texto de Aglaja Veteranyi, sob a direção de Nelson Baskerville, espetáculo que realizou várias temporadas em São Paulo e participou em diversos festivais pelo Brasil. Baskerville (n. 1961) é ator e diretor de teatro, formado na EAD e docente na Escola Superior de Teatro Célia Helena.
©Priscila Prade


Os próximos espetáculos da MOSTRA SÃO PALCO são:
HYGIENE | Largo da Sé Velha | 7 de junho | quinta | 20h | Entrada gratuita sujeita a reserva antecipada (até dois dias antes do espetáculo) 
ÓPERA DOS VIVOS | TAGV | 8 de junho | sexta | 21h30 | A compra de bilhete para este espetáculo é feita exclusivamente no TAGV 

Mais informações:
O Teatrão
Oficina Municipal do Teatro, Rua Pedro Nunes, Qta da Nora 3030-199 Coimbra
239714013 | 914617383 | geral@oteatrao.com

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Quimera Urbana

MIRE VEJA 
Prémio Shell 2003 e Prémio APCA 2003 | a partir de “Eles Eram Muitos Cavalos”, de Luiz Ruffato | Direção de Pedro Pires e Zernesto Pessoa | Companhia do Feijão | OMT | Sala Grande | 31 de maio | quinta | 21h30 | Maiores de 14 | 70 min. 

São 24 histórias curtas, fragmentadas e entrelaçadas, que falam da vida na metrópole e de pessoas de diversas origens e classes sociais que nela habitam. Com cerca de trinta personagens que não se encontram, as histórias encadeiam-se como flashes no tempo impossível de São Paulo. Um mosaico a partir do qual é possível vislumbrar uma parte desse universo tão densamente povoado pela diversidade.

FICHA TÉCNICA
Elenco: Fernanda Haucke, Guto Togniazzolo, Pedro Pires, Vera Lamy e Zernesto Pessoa Direção e Dramaturgia: Pedro Pires e Zernesto Pessoa Direção Musical: Julio Maluf Cenografia: Petronio Nascimento Figurinos: Marina Reis Iluminação: Marinho Piacentini

COMPANHIA DO FEIJÃO - Com uma trajetória pautada pela inclusão cultural em todos os níveis, os espetáculos são levados aos mais diversos públicos e lugares. Para a crítica Mariangela Alves de Lima, a companhia apresenta "uma caderneta de campo em forma de espetáculo" ao reaproximar regiões do país. "Na sua austeridade melódica e rítmica, as músicas do espetáculo nos lembram que há uma outra possibilidade estética, a do rigor construtivo e da economia." (Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro). 

Ppróximos espetáculos da MOSTRA SÃO PALCO:
LUIZ ANTÓNIO GABRIELA | OMT | Sala Grande | 3 de junho | domingo | 21h30 
HYGIENE | Largo da Sé Velha | 7 de junho | quinta | 20h 
ÓPERA DOS VIVOS | TAGV | 8 de junho | sexta | 21h30

© José Romero

terça-feira, 22 de maio de 2012

A revolução começa como um passeio

QUEM NÃO SABE MAIS QUEM É, O QUE É E ONDE ESTÁ PRECISA SE MEXER 
Prémio Shell 2009 

a partir de Heiner Müller | Direção de Georgette Fadel | Companhia São Jorge de Variedades | OMT | Sala Grande | 29 de maio | terça | 21h30 | Maiores de 16 anos | Duração: 90 min. 

A ação de “Quem não sabe…” começa nas ruas onde os três atores se encontram e levam o público até ao teatro, onde está montada a lúdica e bem elaborada cenografia de Rogério Tarifa, um apartamento, ou melhor, um “aparelho”. “Nossos personagens são verdadeiros revolucionários, que às vezes parecem cómicos, patéticos e até mesmo loucos ou muito lúcidos”, revela Georgette Fadel. Acostumada a trabalhar com elencos grandes, foi a primeira vez que a São Jorge de Variedades se apresentou com apenas três atores (Mariana Senne, Marcelo Reis e Patrícia Gifford). 

Nos últimos dez anos a São Jorge de Variedades vem fazendo encenações e incursões em lugares alternativos: como albergues e a própria rua, absorvendo as personagens do local nas suas encenações. Agora, é a vez do mais polémico dramaturgo da pós-modernidade, o alemão Heiner Müller, ser o centro da pesquisa da São Jorge. “Heiner Müller é complexo, mas colocado sob olhar simples, com jogo cénico, torna-se inteligível”, diz a diretora, que já fez pesquisas similares com textos de Qorpo Santo e Stela do Patrocínio. “Heiner Müller coloca nos textos o amargo de revoluções como o marxismo, o idealismo francês ou a luta de classes, explicitando a complexidade dos nossos vícios e o contemporâneo das nossas frustrações, em textos muitas vezes jogados ao público como uma metralhadora.” 

Em pouco mais de uma hora de peça, o discurso de Heiner Müller foi todo transformado em situações muito próximas do público. A verve do dramaturgo também vira música. Literalmente. A direção musical de Luiz Gayotto transforma algumas partes densas dos textos em imagens sonoras. Para Georgette Fadel, que assina a quarta direção na companhia, a poesia de Müller encantou todos os integrantes. “A Mariana Senne foi quem nos apresentou o autor quando trouxe a obra ‘Quarteto’. A simpatia foi imediata, principalmente por ele ser considerado o herdeiro e interlocutor de Brecht, por quem somos apaixonados”, conta a diretora. A partir disso, a companhia organizou uma "roda de prosa", com artistas que já haviam pesquisado o autor para discutir a obra e estéticas de encenações de Heiner Müller. Em seguida, os atores começaram a criar algumas improvisações sobre o universo do autor. 

Entre os textos "A Missão" e "A Máquina Hamlet" e entrevistas com Heiner Müller, selecionados para o espetáculo, os atores também recorreram a alguns outros autores dando mais força ao texto. Rosa Luxemburgo, Juliano Garcia Peçanha e o roteiro da longa-metragem "O Bandido da Luz Vermelha" são alguns exemplos que se mesclam com textos dos próprios atores.

© Cacá Bernardes 


COMPANHIA SÃO JORGE DE VARIEDADES - ciasaojorge.com 
A base estética da companhia apoia-se em manifestações ritualísticas de canto e dança, mantendo como referência paralela as religiões afro-brasileiras. A dramaturgia tem como tema principal a discussão de questões éticas inerentes à diversidade e aos paradoxos da cultura brasileira, desde a sua formação, da colonização à contemporaneidade. Estreiam com o espetáculo “Pedro o Cru”, em 1998, uma montagem amadora do poema dramático do escritor português António Patrício, cuja intenção é refletir sobre a herança do romantismo e da melancolia lusitanos. (Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro) 

FICHA TÉCNICA 
Dramaturgia: Companhia São Jorge de Variedades, a partir de Heiner Müller Direção: Georgette Fadel Atores Criadores: Marcelo Reis, Mariana Senne e Patrícia Gifford Assistente de Direção: Paula Klein Direção de Arte: Rogério Tarifa Direção Musical: Luiz Gayotto Consciência Corporal: Érika Moura Direção de Movimento: Lú Brites Tratamento de Figurino: Foquinha Programação Visual: Sato-CasadaLapa Direção de Produção: Carla Estefan Contraregra: Glauber Pereira Colaboradores: Alexandre Krug, André Capuano e Cibele Forjaz Foto: Cacá Bernardes e Roberto Setton Assessoria de Imprensa: Frederico Paula 

Preço dos bilhetes: 
Passe Geral Mostra São Palco: € 27, com acesso aos cinco espetáculos da mostra (à venda na OMT e TAGV).
Para além do passe, há a possibilidade de aquisição de bilhetes para cada um dos espetáculos, separadamente (entre os € 4 e os €10). Informações na Bilheteira da OMT (239 714 013). 
As reservas feitas antecipadamente terão que ser levantadas até 2 dias antes do espetáculo. 
Para o espetáculo Hygiene, com entrada gratuita, é necessário fazer reserva antecipada e levantar a mesma na bilheteira da OMT.
Para o espetáculo Ópera dos Vivos, as reservas deverão ser feitas diretamente no TAGV.

Mais informações: 
O Teatrão Oficina Municipal do Teatro, Rua Pedro Nunes, Qta da Nora 3030-199 Coimbra 
239714013 | 914617383 | geral@oteatrao.com 

MOSTRA SÃO PALCO (Teatro) | 29 MAI - 8 JUN 
Oficina Municipal do Teatro | Largo da Sé Velha | Teatro Académico de Gil Vicente 

Próximos espetáculos: 
MIRE VEJA | OMT | Sala Grande | 31 de maio | quinta | 21h30 
LUIS ANTONIO-GABRIELA | OMT | Sala Grande | 3 de junho | domingo | 21h30 
HYGIENE | Largo da Sé Velha | 7 de junho | quinta | 20h 
ÓPERA DOS VIVOS | TAGV | 8 de junho | sexta | 21h30

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pra todo o mundo ver - o teatro de S. Paulo em Coimbra

No ano passado, O Teatrão trouxe Nova Iorque a Coimbra, através do olhar dos The TEAM e de Zachary Oberzan, que se apresentaram na Oficina Municipal de Teatro. Este ano trazemos São Paulo e o Brasil, através de cinco projetos diferentes, assinados pela São Jorge, pelo Feijão, por Nelson Baskerville, pelo XIX e pelo Latão. 

Como dizia o poeta, Sampa é «o avesso do avesso do avesso do avesso». Centro financeiro do Brasil, logo da economia global, é também sede do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, talvez o mais importante movimento social do planeta. São Paulo, que é a cidade mais populosa do hemisfério sul, tem ao mesmo tempo uma das mais pequenas redes de metro e o maior tráfego de helicópteros do mundo. Palco de contradições, nas suas ruas caminham descendentes de escravos e de colonizadores, migrantes de todas as regiões do Brasil e imigrantes de todos os países do mundo, cada um com os seus costumes, comidas e credos. E como se estas pistas não bastassem para compreender porque é São Paulo um dos pólos artísticos da América Latina, há ainda o facto de a cidade ser geminada com Coimbra. 

É uma das capitais teatrais de língua portuguesa. São Paulo tem atualmente mais de oitocentas estreias teatrais por ano, entre musicais, comédias, teatro de rua, teatro comunitário e teatro de grupo. Os artistas de teatro criam espetáculos que bebem influências na história e cultura locais, na tradição teatral do país e na produção internacional. Desde o final dos anos noventa que o teatro de grupo, em especial, se afirma diariamente como um dos movimentos mais ricos e multifacetados da criação artística contemporânea de São Paulo, cruzando o que se faz nas outras artes com as mais diversas escolas teatrais e juntando a isto um empenho singular no debate público sobre os destinos do Brasil. Estes grupos têm maneiras muito diferentes de relacionar o teatro com a política, por um lado, e com a vida, por outro, mas é na tentativa de perceber essa relação que as suas obras artísticas se originam. Talvez por virem da América, onde o passado não devastou tudo e o futuro ainda não chegou, tenham a esperança suficiente para se atreverem a relacionar a arte com o dia a dia criando espetáculos realmente novos. 

Estes espetáculos têm origem em métodos muito diversos, que vão da improvisação coletiva à adaptação de textos narrativos, da montagem de textos dramáticos à escrita que privilegia a fragmentação e a coralidade. Nestas duas décadas uma mão cheia de autores e encenadores de São Paulo tentou documentar e retratar a cidade, repensar os modos de produção no contexto urbano, atuar no espaço público e em espaços não-convencionais. Estes artistas criaram espetáculos não apenas sobre a cidade mas também para intervir na cidade, tentando impor a arte teatral como experiência do real num mundo em que predominam as narrativas reais e fictícias dos meédia industriais. 

O Teatrão tem beneficiado dessa profusão criativa através do acolhimento de espetáculos, da coprodução de peças e da colaboração com companhias e artistas de São Paulo. Essa relação com o teatro de São Paulo começou a ser construída com o encenador e pedagogo Antonio Mercado, a partir da ESEC, e continuou nos intercâmbios com o grupo Folias, e com os encenadores Marco Antonio Rodrigues e Dagoberto Feliz. Mas em Portugal faz falta uma visão de conjunto sobre esses grupos. Por isso, antecipando o Ano de Brasil em Portugal, apresentamos uma amostra do teatro de grupo de São Paulo, com cinco espetáculos que representam uma boa parte da produção recente da cidade – peças curtas e peças longas, teatro de rua e teatro de cabaré, autores estrangeiros e textos originais, obras premiadas e obras malditas, grupos já vistos em Portugal e grupos que nunca cá foram apresentados. É uma amostra do teatro de São Paulo, mas neste palco que é a cidade vê-se todo o mundo.

Preço dos Bilhetes
Bilhete geral: € 27 (acesso aos cinco espetáculos da Mostra) 

Notas: 
1) Para além do bilhete geral, há a possibilidade de aquisição de bilhetes para cada um dos espetáculos, separadamente. Informações e Reservas na Bilheteira da OMT (239 714 013) e do TAGV (239 855 630). 
2) As reservas feitas antecipadamente terão que ser levantadas até 2 dias antes do espetáculo. 
3) Para o espetáculo Hygiene (7 junho, 20h00), com início na Sé Velha, é necessário fazer reserva antecipada e levantar a mesma na Bilheteira da OMT.
4) Para o espetáculo Ópera dos Vivos, as reservas deverão ser feitas diretamente no TAGV.