quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pra todo o mundo ver - o teatro de S. Paulo em Coimbra

No ano passado, O Teatrão trouxe Nova Iorque a Coimbra, através do olhar dos The TEAM e de Zachary Oberzan, que se apresentaram na Oficina Municipal de Teatro. Este ano trazemos São Paulo e o Brasil, através de cinco projetos diferentes, assinados pela São Jorge, pelo Feijão, por Nelson Baskerville, pelo XIX e pelo Latão. 

Como dizia o poeta, Sampa é «o avesso do avesso do avesso do avesso». Centro financeiro do Brasil, logo da economia global, é também sede do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, talvez o mais importante movimento social do planeta. São Paulo, que é a cidade mais populosa do hemisfério sul, tem ao mesmo tempo uma das mais pequenas redes de metro e o maior tráfego de helicópteros do mundo. Palco de contradições, nas suas ruas caminham descendentes de escravos e de colonizadores, migrantes de todas as regiões do Brasil e imigrantes de todos os países do mundo, cada um com os seus costumes, comidas e credos. E como se estas pistas não bastassem para compreender porque é São Paulo um dos pólos artísticos da América Latina, há ainda o facto de a cidade ser geminada com Coimbra. 

É uma das capitais teatrais de língua portuguesa. São Paulo tem atualmente mais de oitocentas estreias teatrais por ano, entre musicais, comédias, teatro de rua, teatro comunitário e teatro de grupo. Os artistas de teatro criam espetáculos que bebem influências na história e cultura locais, na tradição teatral do país e na produção internacional. Desde o final dos anos noventa que o teatro de grupo, em especial, se afirma diariamente como um dos movimentos mais ricos e multifacetados da criação artística contemporânea de São Paulo, cruzando o que se faz nas outras artes com as mais diversas escolas teatrais e juntando a isto um empenho singular no debate público sobre os destinos do Brasil. Estes grupos têm maneiras muito diferentes de relacionar o teatro com a política, por um lado, e com a vida, por outro, mas é na tentativa de perceber essa relação que as suas obras artísticas se originam. Talvez por virem da América, onde o passado não devastou tudo e o futuro ainda não chegou, tenham a esperança suficiente para se atreverem a relacionar a arte com o dia a dia criando espetáculos realmente novos. 

Estes espetáculos têm origem em métodos muito diversos, que vão da improvisação coletiva à adaptação de textos narrativos, da montagem de textos dramáticos à escrita que privilegia a fragmentação e a coralidade. Nestas duas décadas uma mão cheia de autores e encenadores de São Paulo tentou documentar e retratar a cidade, repensar os modos de produção no contexto urbano, atuar no espaço público e em espaços não-convencionais. Estes artistas criaram espetáculos não apenas sobre a cidade mas também para intervir na cidade, tentando impor a arte teatral como experiência do real num mundo em que predominam as narrativas reais e fictícias dos meédia industriais. 

O Teatrão tem beneficiado dessa profusão criativa através do acolhimento de espetáculos, da coprodução de peças e da colaboração com companhias e artistas de São Paulo. Essa relação com o teatro de São Paulo começou a ser construída com o encenador e pedagogo Antonio Mercado, a partir da ESEC, e continuou nos intercâmbios com o grupo Folias, e com os encenadores Marco Antonio Rodrigues e Dagoberto Feliz. Mas em Portugal faz falta uma visão de conjunto sobre esses grupos. Por isso, antecipando o Ano de Brasil em Portugal, apresentamos uma amostra do teatro de grupo de São Paulo, com cinco espetáculos que representam uma boa parte da produção recente da cidade – peças curtas e peças longas, teatro de rua e teatro de cabaré, autores estrangeiros e textos originais, obras premiadas e obras malditas, grupos já vistos em Portugal e grupos que nunca cá foram apresentados. É uma amostra do teatro de São Paulo, mas neste palco que é a cidade vê-se todo o mundo.

Preço dos Bilhetes
Bilhete geral: € 27 (acesso aos cinco espetáculos da Mostra) 

Notas: 
1) Para além do bilhete geral, há a possibilidade de aquisição de bilhetes para cada um dos espetáculos, separadamente. Informações e Reservas na Bilheteira da OMT (239 714 013) e do TAGV (239 855 630). 
2) As reservas feitas antecipadamente terão que ser levantadas até 2 dias antes do espetáculo. 
3) Para o espetáculo Hygiene (7 junho, 20h00), com início na Sé Velha, é necessário fazer reserva antecipada e levantar a mesma na Bilheteira da OMT.
4) Para o espetáculo Ópera dos Vivos, as reservas deverão ser feitas diretamente no TAGV.



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