terça-feira, 22 de maio de 2012

A revolução começa como um passeio

QUEM NÃO SABE MAIS QUEM É, O QUE É E ONDE ESTÁ PRECISA SE MEXER 
Prémio Shell 2009 

a partir de Heiner Müller | Direção de Georgette Fadel | Companhia São Jorge de Variedades | OMT | Sala Grande | 29 de maio | terça | 21h30 | Maiores de 16 anos | Duração: 90 min. 

A ação de “Quem não sabe…” começa nas ruas onde os três atores se encontram e levam o público até ao teatro, onde está montada a lúdica e bem elaborada cenografia de Rogério Tarifa, um apartamento, ou melhor, um “aparelho”. “Nossos personagens são verdadeiros revolucionários, que às vezes parecem cómicos, patéticos e até mesmo loucos ou muito lúcidos”, revela Georgette Fadel. Acostumada a trabalhar com elencos grandes, foi a primeira vez que a São Jorge de Variedades se apresentou com apenas três atores (Mariana Senne, Marcelo Reis e Patrícia Gifford). 

Nos últimos dez anos a São Jorge de Variedades vem fazendo encenações e incursões em lugares alternativos: como albergues e a própria rua, absorvendo as personagens do local nas suas encenações. Agora, é a vez do mais polémico dramaturgo da pós-modernidade, o alemão Heiner Müller, ser o centro da pesquisa da São Jorge. “Heiner Müller é complexo, mas colocado sob olhar simples, com jogo cénico, torna-se inteligível”, diz a diretora, que já fez pesquisas similares com textos de Qorpo Santo e Stela do Patrocínio. “Heiner Müller coloca nos textos o amargo de revoluções como o marxismo, o idealismo francês ou a luta de classes, explicitando a complexidade dos nossos vícios e o contemporâneo das nossas frustrações, em textos muitas vezes jogados ao público como uma metralhadora.” 

Em pouco mais de uma hora de peça, o discurso de Heiner Müller foi todo transformado em situações muito próximas do público. A verve do dramaturgo também vira música. Literalmente. A direção musical de Luiz Gayotto transforma algumas partes densas dos textos em imagens sonoras. Para Georgette Fadel, que assina a quarta direção na companhia, a poesia de Müller encantou todos os integrantes. “A Mariana Senne foi quem nos apresentou o autor quando trouxe a obra ‘Quarteto’. A simpatia foi imediata, principalmente por ele ser considerado o herdeiro e interlocutor de Brecht, por quem somos apaixonados”, conta a diretora. A partir disso, a companhia organizou uma "roda de prosa", com artistas que já haviam pesquisado o autor para discutir a obra e estéticas de encenações de Heiner Müller. Em seguida, os atores começaram a criar algumas improvisações sobre o universo do autor. 

Entre os textos "A Missão" e "A Máquina Hamlet" e entrevistas com Heiner Müller, selecionados para o espetáculo, os atores também recorreram a alguns outros autores dando mais força ao texto. Rosa Luxemburgo, Juliano Garcia Peçanha e o roteiro da longa-metragem "O Bandido da Luz Vermelha" são alguns exemplos que se mesclam com textos dos próprios atores.

© Cacá Bernardes 


COMPANHIA SÃO JORGE DE VARIEDADES - ciasaojorge.com 
A base estética da companhia apoia-se em manifestações ritualísticas de canto e dança, mantendo como referência paralela as religiões afro-brasileiras. A dramaturgia tem como tema principal a discussão de questões éticas inerentes à diversidade e aos paradoxos da cultura brasileira, desde a sua formação, da colonização à contemporaneidade. Estreiam com o espetáculo “Pedro o Cru”, em 1998, uma montagem amadora do poema dramático do escritor português António Patrício, cuja intenção é refletir sobre a herança do romantismo e da melancolia lusitanos. (Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro) 

FICHA TÉCNICA 
Dramaturgia: Companhia São Jorge de Variedades, a partir de Heiner Müller Direção: Georgette Fadel Atores Criadores: Marcelo Reis, Mariana Senne e Patrícia Gifford Assistente de Direção: Paula Klein Direção de Arte: Rogério Tarifa Direção Musical: Luiz Gayotto Consciência Corporal: Érika Moura Direção de Movimento: Lú Brites Tratamento de Figurino: Foquinha Programação Visual: Sato-CasadaLapa Direção de Produção: Carla Estefan Contraregra: Glauber Pereira Colaboradores: Alexandre Krug, André Capuano e Cibele Forjaz Foto: Cacá Bernardes e Roberto Setton Assessoria de Imprensa: Frederico Paula 

Preço dos bilhetes: 
Passe Geral Mostra São Palco: € 27, com acesso aos cinco espetáculos da mostra (à venda na OMT e TAGV).
Para além do passe, há a possibilidade de aquisição de bilhetes para cada um dos espetáculos, separadamente (entre os € 4 e os €10). Informações na Bilheteira da OMT (239 714 013). 
As reservas feitas antecipadamente terão que ser levantadas até 2 dias antes do espetáculo. 
Para o espetáculo Hygiene, com entrada gratuita, é necessário fazer reserva antecipada e levantar a mesma na bilheteira da OMT.
Para o espetáculo Ópera dos Vivos, as reservas deverão ser feitas diretamente no TAGV.

Mais informações: 
O Teatrão Oficina Municipal do Teatro, Rua Pedro Nunes, Qta da Nora 3030-199 Coimbra 
239714013 | 914617383 | geral@oteatrao.com 

MOSTRA SÃO PALCO (Teatro) | 29 MAI - 8 JUN 
Oficina Municipal do Teatro | Largo da Sé Velha | Teatro Académico de Gil Vicente 

Próximos espetáculos: 
MIRE VEJA | OMT | Sala Grande | 31 de maio | quinta | 21h30 
LUIS ANTONIO-GABRIELA | OMT | Sala Grande | 3 de junho | domingo | 21h30 
HYGIENE | Largo da Sé Velha | 7 de junho | quinta | 20h 
ÓPERA DOS VIVOS | TAGV | 8 de junho | sexta | 21h30

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