segunda-feira, 4 de junho de 2012

O gemido do passado

HYGIENE 
Grupo XIX de Teatro | Largo da Sé Velha | 7 de junho | quinta | 20h | M14 | Duração: 90 min
Prémio Qualidade Brasil 2005 

 
 © Adalberto Lima 

Encenada à luz do dia, originalmente, nos prédios históricos da Vila Operária Maria Zélia (1917), a peça é baseada numa pesquisa sobre o processo de higienização urbana no Brasil do fim do século XIX, onde um grande contingente de culturas e ideias dividem o mesmo teto - o cortiço. E desse caldeirão de misturas surgem os embriões de importantes manifestações da nossa identidade, assim como as desigualdades sociais que marcam profundamente os nossos dilemas atuais. 

“Hygiene” faz uma reflexão sobre o momento histórico em que o Brasil se construía numa velocidade acelerada recebendo diariamente milhares de imigrantes. É esse contingente de culturas e ideias que coabitavam nos grandes cortiços do centro do Rio de Janeiro. 

Contando a história de operários, imigrantes, lavadeiras, meretrizes, ex-escravos, curandeiros, comerciantes do Rio de Janeiro da virada do século XIX/XX, quando a habitação se tornou numa questão pública e a sociedade, inspirada por modelos urbanos europeus, resolve pôr em prática a ideia de uma casa unifamiliar, o Grupo XIX de Teatro traz à tona as características que vão marcar profundamente a construção da identidade brasileira. O samba, o sincretismo religioso, as lutas operárias, entre outras manifestações sócio-culturais, geraram os seus embriões nessas habitações coletivas. Colocar essas vidas do passado em contacto com os nossos dias atuais é pôr em foco os dilemas e desafios brasileiros para o futuro. 

A peça propõe uma ocupação espacial em escala urbana, ou seja, transborda o limite do edifício para tomar o espaço público, a rua. 

FICHA TÉCNICA 
Pesquisa e Criação: Grupo XIX de Teatro Dramaturgia: Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim, Ronaldo Serruya e Sara Antunes Elenco: Janaina Leite, Juliana Sanches, Paulo Celestino, Rodolfo Amorim, Ronaldo Serruya e Tatiana Caltabiano Direção: Luiz Fernando Marques Figurinos: Renato Bolelli Contrarregra: Felipe Cruz Produção: Grupo XIX de Teatro Produtora Executiva: Graziella Mantovani 

 
© Adalberto Lima 

GRUPO XIX DE TEATRO - grupoxix.com.br Coletivo nascido no Centro de Artes Cénicas da Universidade de São Paulo, a partir de pesquisa académica. Os seus espetáculos narram dramas sociais e políticos, apresentados em edifícios antigos, invariavelmente abandonados, aproveitando a arquitetura como cenografia e a luz natural como iluminação. A génese do grupo segue a tendência dos chamados processos colaborativos na cena contemporânea brasileira da viragem do milénio. A afirmação do vínculo do teatro com a cidade, e vice-versa, fica patente já na primeira produção, “Hysteria”, que estreia no circuito académico em novembro de 2001, mas só vai chamar a atenção do público e dos média no Festival de Teatro de Curitiba, em março do ano seguinte. O diretor Luiz Fernando Marques e as atrizes Gisela Millás, Janaina Leite, Juliana Sanches, Raissa Gregori e Sara Antunes são protagonistas de uma aventura teatral que os leva não só a outros Estados, percorrendo festivais, mas também a França, Portugal e Cabo Verde. (Enciclopédia Itaú Cultural de Teatro).

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