segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ecos de uma descolonização

Uma história real que tem por fundo a colonização, a guerra colonial e a descolonização. E que tem por centro o 7 de setembro de 1974, dia em que brancos extremistas assaltaram o Rádio Clube Moçambique,
vindo a provocar centenas de mortos, na sua maioria negros. Eis o que jornalista Ribeiro Cardoso tem para nos apresentar no dia 29 de abril: personagens e histórias marcadas pelo ódio racial, o medo e uma descolonização envenenada.

O Fim do Império - Memória de um Soldado Português (Livros)
De Ribeiro Cardoso
Tabacaria da OMT | 29 de abril | terça-feira | 18h30 | Entrada livre

Em setembro de 1974, Lourenço Marques testemunhou um crime sem perdão que originou incontáveis mortos, na esmagadora maioria negros - graças à loucura e irresponsabilidade de um punhado de brancos que, sentindo o seu mundo de privilégios a ruir, se lançou numa aventura sem sentido, arrastando emocionalmente milhares de compatriotas que, desinformados e impreparados politicamente, naquele contexto eram presa fácil de qualquer patrioteirismo rasteiro.

O resultado foi, num primeiro momento, uma euforia balofa, difundindo via rádio desejos e boatos como realidades – com os seus membros mais exaltados entregando-se, ao som do Rádio Clube de Moçambique assaltado, a uma autêntica orgia de sangue negro nas ruelas sem esgoto do caniço.

Ao terceiro dia, o medo que se havia apoderado da população negra, que ouvia a rádio apelando à intervenção sul-africana e rodesiana, transformou-se em levantamento geral sob a forma de uma marcha de catanas sobre a cidade branca.

Biografia do autor
Ribeiro Cardoso nasceu no Porto em Maio de 1945. Licenciado em Filologia Germânica, é jornalista profissional desde 1971. Iniciou-se no Diário de Lisboa e foi sócio fundador do semanário O Jornal e redator-fundador dos quotidianos O Diário e Europeu. De 1989 a 1992 foi diretor-adjunto do semanário O Comércio de Macau, tendo permanecido até 1993 naquele território chinês sob administração portuguesa como freelancer e correspondente para a Ásia do Jornal de Notícias e da RDP-Antena Um. Regressado a Portugal, foi redator do Tal&Qual, diretor de publicações da TV Guia Editora (RTP) e coordenador da revista Autores, da Sociedade Portuguesa de Autores. Em 1987, com o documentário televisivo O Pinta do Intendente, ganhou o prémio Gazeta, do Clube de Jornalistas. De 2001 a 2004 integrou os quadros da RTP e de 2004 a 2009 foi responsável editorial e um dos moderadores do programa Clube de Jornalistas, emitido na RTP 2. Em 2011 publicou, na Editorial Caminho, o livro "Jardim, a Grande Fraude".

segunda-feira, 21 de abril de 2014

CONTA-ME COMO É os 40 anos do 25 de abril!

CONTA-ME COMO É (Teatro)
de Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro
O Teatrão | Encenação de Jorge Louraço Figueira
Sala Grande | 23 a 27 de abril | quarta a sábado | 21h30 | domingo | 17h

CONTA-ME COMO É, em cena de 23 a 27 de abril, é também oportunidade de abrir a OMT à celebração dos 40 anos do 25 de abril e de oferecer um conjunto de atividades pensadas a partir do espetáculo. É assim que a energia própria dos grandes ajuntamentos populares (que o mês de abril tão bem representa) chega ao Teatrão!

Um conjunto de peças curtas surgidas da pena de três premiados dramaturgos, constitui o ponto de partida de CONTA-ME COMO É. São autênticos pedaços do Portugal contemporâneo, escritos segundo a visão particular de Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro.

Num caldeirão onde se deita este material dramatúrgico, mais as ilustrações de André Lemos, as fotografias do projeto 12.12.12, o apoio ao movimento da coreógrafa Marina Nabais, e ainda muitas toalhas e cestos de piquenique, histórias dos 40 anos passados desde o 25 de Abril, e as interpretações de 19 atores, mistura-se uma poção mágica para resistir ao invasor… O Teatrão fabrica uma versão própria do país real que, numa OMT dessacralizada e reinventada pelo cenário de Filipa Malva, a luz de Alexandre Mestre e o som de João Castro Gomes, cabe aos atores contar aos espectadores.

E porque estamos a falar de todos nós e de hoje, este mega-piquenique que o espetáculo propõe será alargado a gentes e áreas diversas, expandindo-se para todo o espaço da OMT. Nos dias das apresentações, O Teatrão oferece um intenso programa de atividades: 

©Carlos Gomes
- no dia 24 de abril, véspera de feriado, há logo a seguir ao espetáculo uma "jam session" organizada pelo curso de Jazz do Conservatório de Música de Coimbra;

- no dia 25 de abril, integramos a sessão nas Comemorações do Dia da Liberdade e garantimos entrada livre a quem quiser vir assistir;

- a seguir à última sessão, no dia 27 de abril, recebemos alguns deputados da Assembleia da República para conversarmos sobre a democracia que vimos construindo e sobre o papel que cada um de nós tem, ou pode ter, neste Portugal europeu do ano de 2014.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

O Teatrão estreia "Conta-me Como É"

CONTA-ME COMO É nasce da constatação de que os momentos de crise são também os mais oportunos para criar. De que um estado de sujeição involuntária acicata o desejo de tomar nas mãos o destino. Tomando como ponto de partida as obras "Terror e miséria do III Reich", de Bertolt Brecht, e "Terror e miséria no primeiro franquismo", de José Sanchis Sinisterra, três autores encontram, num País e num continente em crise, matéria de criação dramatúrgica – tal como Brecht e Sinisterra haviam encontrado nos terrores do regime nazi e do regime franquista, respetivamente. O resultado – um conjunto de peças curtas, espécie de vinhetas do Portugal contemporâneo – são três retratos muito pessoais da realidade portuguesa, três visões particulares que Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro, os três dramaturgos, desenvolveram ao longo de um ano e meio de trabalho.

Com base neste material dramatúrgico, a encenação do CONTA-ME COMO É tenta recriar em palco as formas de comunicação da imprensa, da rádio e da TV, que passam aos cidadãos uma versão oficial do país, formas de comunicação que neste espetáculo são passadas através do filtro poderoso do teatro.

Para a construção desta outra versão do país, CONTA-ME COMO É revela também uma ambição muito particular: a de reunir uma equipa de gente de todo o país e de várias áreas artísticas para criar uma obra coletiva sobre o que é viver no Portugal contemporâneo. E é por isso que, aos três dramaturgos, se junta um elenco constituído por 19 atores (entre profissionais e alunos das classes d'O Teatrão); à cenógrafa e figurinista Filipa Malva juntam-se a coreógrafa Marina Nabais, o ilustrador André Lemos e a colaboração dos fotógrafos do projeto 12.12.12; e à celebração dos vinte anos d'O Teatrão juntam-se os quarenta anos do 25 de abril.

É com toda esta gente - geográfica e artisticamente variada - que pretendemos fabricar a nossa própria versão do país real, instalando-a num cenário que é um espaço de convívio onde as fronteiras entre espectador e ator se cruzam, e em que a própria Oficina Municipal do Teatro é dessacralizada, tirada do lugar do teatro comercial, do teatro de vanguarda, e também do teatro comunitário. Neste lugar, os atores assumem a missão de contar tudo, como se estivessem entre amigos íntimos, e é esta a teatralidade específica desta obra/experiência teatral, que nos desafia a falar de nós - de todos nós, hoje, aqui, Portugal-Europa 2014.

CONTA-ME COMO É (Teatro)
O Teatrão | Encenação de Jorge Louraço Figueira
Sala Grande | 23 a 27 de abril | quarta a sábado | 21h30 | domingo | 17h Entrada: entre €4 e €10


FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA
Textos: Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro Encenação e Dramaturgia: Jorge Louraço Elenco: Ana Bárbara Queirós, Inês Mourão, Isabel Craveiro, João Castro Gomes, João Santos, Margarida Sousa, Nuno Carvalho (Atores d'O Teatrão); Carlos João Santos, Eduardo Faria, Licínia Carvalho, Liliana Taborda, Miguel Fonseca, Paula Carriço, Rita Melo, Sílvio Carvalho, Sofia Coelho, Susana Ladeira e Teresa Sá (Alunos Classes de Teatro) e Nuno Gomes Vozes na Rádio: Ana Rosmaninho, Catarina Ribeiro, Cátia Oliveira e João Conceição | Desenho de Luz: Alexandre Mestre | Apoio ao movimento: Marina Nabais | Cenário e Figurinos: Filipa Malva | Banda Sonora: João Castro Gomes | Ilustração: André Lemos | Grafismo: Unit.Lab, por Francisco Pires e Marisa Leiria | Cabeleireiro: Carlos Gago (Ilídio Design) | Fotografia: Carlos Gomes | Construção de Cenário: José Baltazar | Costureira: Fernanda Tomás | Direção de Produção: Cátia Oliveira | Produção Executiva: Nuno Carvalho | Direção Técnica: João Castro Gomes | Equipa Técnica: Alexandre Mestre, João Castro Gomes, Rui Capitão | Produção: O TEATRÃO 2014

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Passos em frente

Dos três textos propostos este ano pela Culturgest, a turma PANOS 2014 d'O Teatrão escolheu "Eles são mesmo assim?", da inglesa Lucinda Coxon. Da estranheza inicial - ainda por cima sendo as personagens pais e mães da atualidade! - fomos descobrindo como este texto está perto de todos nós: fala de teatro, de coletivo, de inseguranças, da difícil relação entre pais e filhos, do tempo que passa para todos e muito mais depressa do que julgamos. Partindo destas ideias, resolvemos usar este texto para brincar com o que é fazer teatro: de onde nascem a personagem e o jogo teatral? Como se constroem e exploram? E como cruzamos essas personagens com a nossa própria vida?

Este grupo de adolescentes vive as horas únicas desta idade da vida – problemas na escola, zangas com os
pais, amores e amizades, sonhos e rebeldias. O amanhã parece longe, mas ao mesmo tempo apetece lá chegar depressa: como será estar do outro lado? Ser adulto, pai, mãe, fazer e dizer o que hoje os irrita "vá lá, acorda, vais chegar atrasado!", "tens de te esforçar mais", "não te preocupes, não é o fim do mundo”.

Ou não.

Para já, o que sabemos é que todos eles estão num momento de viragem, um momento que anuncia "um fim e um começo". E também sabemos que no final disto tudo algo muda, cresce e se transforma.

ELES SÃO MESMO ASSIM?
Alunos Classes Teatro - Projeto Panos | Culturgest Nº4 da Rua José Falcão (antigas instalações do CUMN)
12 a 15 de abril | sábado e domingo - 16h e 21h30 | segunda e terça - 21h30 | Entrada: € 4 (preço único)

©DR-OT

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA  
TEXTO: Lucinda Coxon TRADUÇÃO: Patrícia Portela ORIENTAÇÃO: Inês Mourão e Margarida Sousa PERSONAGENS/INTÉRPRETES: Robert: Carina Santos | Frances: Carolina Torres e Rita Perdiz | Steph: Mariana Pereira | Grace: Luísa Ramalho | Nick: Rafael Torres | Gary: João Teixeira e Marta Albuquerque | Johnny: Filipe Rodrigues | Indira: Ana Luísa Coelho e Carolina Pina | Alison: Joana Carreira | Patrick: Sofia Albuquerque | Sarah: Júlia Santos e Susana Albuquerque | Meera: Estrela Gomes DESENHO DE LUZ E SOM E DIREÇÃO TÉCNICA: Rui Capitão MONTAGEM LUZ E SOM:  Alexandre Mestre e Rui Capitão GRAFISMO: Ana Rita Capelo ESPAÇO CÉNICO, FIGURINOS E ADEREÇOS: O TEATRÃO DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: Cátia Oliveira PRODUÇÃO EXECUTIVA: Nuno Carvalho PRODUÇÃO: O Teatrão 2014, no âmbito do projeto PANOS da Culturgest
Agradecimentos: Padre Gonçalo Castro Fonseca (CUMN), Padre Paulo Simões (Instituto Universitário Justiça e Paz)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

"Swing" fervilhante

Neste próximo 10 de abril, a Tabacaria da OMT vai receber o mais animado Combo de Jazz da estação: músicas como "Windows", de Chick Corea; "Footprints", de Wayne Shorter; "Tell me a bed time story" e "Cantaloupe Island", de Herbie Hancock; ou "Billie's Bounce", de Charlie Parker, exemplos do melhor jazz composto no século XX, vão trazer-nos muito "swing" e boa disposição. O alinhamento deste Combo, pensado para nos fazer sair de casa e celebrar festivamente as primeiras noites do horário de verão, inclui ainda uma música original dos próprios alunos do Conservatório de Música de Coimbra.

O "ensemble" de abril reúne Flávio Martins (bateria), Tiago Baptista (vibrafone), Carlos Fernandes (guitarra), Francisco Soares (baixo) e Pedro Jerónimo (trompete).

COMBOS DE JAZZ (Música)
Alunos do Curso profissional do Conservatório de Música de Coimbra
Tabacaria | 10 de abril | quinta | 22h | Entrada: €3 


terça-feira, 1 de abril de 2014

O Teatrão 20 anos

Por ocasião das comemorações dos vinte anos de atividade, O Teatrão fez três pequenos vídeos que retratam este percurso e que dão o mote para os próximos vinte. Acompanhem-nos!

O Teatrão: 1994-2002



O Teatrão 2003-2008



O Teatrão 2008-2014