Uma história real que tem por fundo a colonização, a guerra colonial e a descolonização. E que tem por centro o 7 de setembro de 1974, dia em que brancos extremistas assaltaram o Rádio Clube Moçambique,
vindo a provocar centenas de mortos, na sua maioria negros. Eis o que jornalista Ribeiro Cardoso tem para nos apresentar no dia 29 de abril: personagens e histórias marcadas pelo ódio racial, o medo e uma descolonização envenenada.
O Fim do Império - Memória de um Soldado Português (Livros)
De Ribeiro Cardoso
Tabacaria da OMT | 29 de abril | terça-feira | 18h30 | Entrada livre
Em setembro de 1974, Lourenço Marques testemunhou um crime sem perdão que originou incontáveis mortos, na esmagadora maioria negros - graças à loucura e irresponsabilidade de um punhado de brancos que, sentindo o seu mundo de privilégios a ruir, se lançou numa aventura sem sentido, arrastando emocionalmente milhares de compatriotas que, desinformados e impreparados politicamente, naquele contexto eram presa fácil de qualquer patrioteirismo rasteiro.
O resultado foi, num primeiro momento, uma euforia balofa, difundindo via rádio desejos e boatos como realidades – com os seus membros mais exaltados entregando-se, ao som do Rádio Clube de Moçambique assaltado, a uma autêntica orgia de sangue negro nas ruelas sem esgoto do caniço.
Ao terceiro dia, o medo que se havia apoderado da população negra, que ouvia a rádio apelando à intervenção sul-africana e rodesiana, transformou-se em levantamento geral sob a forma de uma marcha de catanas sobre a cidade branca.
Biografia do autor
Ribeiro Cardoso nasceu no Porto em Maio de 1945. Licenciado em Filologia Germânica, é jornalista profissional desde 1971. Iniciou-se no Diário de Lisboa e foi sócio fundador do semanário O Jornal e redator-fundador dos quotidianos O Diário e Europeu. De 1989 a 1992 foi diretor-adjunto do semanário O Comércio de Macau, tendo permanecido até 1993 naquele território chinês sob administração portuguesa como freelancer e correspondente para a Ásia do Jornal de Notícias e da RDP-Antena Um. Regressado a Portugal, foi redator do Tal&Qual, diretor de publicações da TV Guia Editora (RTP) e coordenador da revista Autores, da Sociedade Portuguesa de Autores. Em 1987, com o documentário televisivo O Pinta do Intendente, ganhou o prémio Gazeta, do Clube de Jornalistas. De 2001 a 2004 integrou os quadros da RTP e de 2004 a 2009 foi responsável editorial e um dos moderadores do programa Clube de Jornalistas, emitido na RTP 2. Em 2011 publicou, na Editorial Caminho, o livro "Jardim, a Grande Fraude".