O que é um "homem comum"? Diríamos: um homem igual a tantos outros, ou melhor, um homem em cuja alma pulsam todas as paixões, injustiças, alegrias e frustrações que fazem de nós humanos, mesmo que na maior parte do tempo elas estejam contidas, submetidas às regras rígidas da sociedade.
Foi a pensar num desses homens - em todos os homens, portanto - que Patrick Süskind escreveu, em 1981, o divertido O CONTRABAIXO, partindo da visão de que "o mundo todo é uma orquestra e todos nós, homens e mulheres, somos meros músicos que passamos a vida a tocar com maior ou menor talento, com maior ou menor sucesso, conforme os atributos e oportunidades que a natureza e a sociedade nos deram ou deixaram de dar." (Antonio Mercado)
O homem que encontramos neste texto, e de quem nunca chegamos a saber o nome, é então um contrabaixista, um desses seres sem rosto que estão lá ao fundo da orquestra e que vivem anonimamente ao nosso lado, no meio da multidão, nas nossas ruas e tascas, nas paragens de autocarro e nas filas de supermercado. É sobre este homem que Patrick Süskind coloca a lupa do teatro, revelando-nos com ternura, furor e humor sarcástico, alguém que, como todos nós, vive paixões avassaladoras, mas inconfessadas, e que nos levam tanto ao sublime, quanto ao ridículo. Um homem cuja fúria contida nos confronta, afinal, com uma inquietação: entre o sonhar e o fazer, o que conseguimos realmente concretizar na nossa vida?
O CONTRABAIXO (Teatro)
De Patrick Süskind | Encenação: Antonio Mercado | Com António Fonseca
Coprodução O Teatrão e Conservatório de Música de Coimbra
Sala Grande | 15, 16, 23 e 29 novembro | 6, 7, 13 e 14 dezembro | sábado às 21h30 | domingo às 17h | M12
©Carlos Gomes |
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