Na semana em que se assinala o Dia Mundial do Teatro, O Teatrão organiza diferentes actividades, de entrada livre, a todos os que tiverem curiosidade em conhecer, ou rever!, o nosso trabalho.
Assim, no dia 27 de Março propriamente dito, à tarde (17h00), iremos apresentar D. Quixote (de Coimbra). Estreado em Novembro passado, o nosso Dom Quixote foi muito bem acolhido pelo público, ultrapassando os seis mil espectadores e fazendo oito apresentações no Algarve, em Lagos e Vila Real de Santo António.
Apelidámos esta versão como sendo "de Coimbra" porque a personagem principal oscila entre o lugar imaginário de La Mancha e os lugares do Mondego, e entre os séculos XVI e XXI. Procurámos o Quixote que nos fosse mais próximo, e por isso acabámos por fazer uma versão para dois actores e duas actrizes, com um cenário de refugo, pegando nas limalhas, nas sobras, nos restos. A razão pela qual enchemos o cenário de entulho é porque ele representa o uso, a velhice, o desperdício e nos obriga a agir para fazer o novo, o vigoroso, o futuro, a partir do que temos.
Ainda no mesmo dia, mas já no período nocturno (22h00), é a vez de Single Singers Bar. Estreado em Fevereiro, Single Singers Bar foi tão bem recebido que nos obrigou a fazer sessões extra. É um espectáculo de café-teatro onde se recria um cabaré dos anos trinta, habitado por personagens solitárias que cantam para espantar os seus males. Os actores d’ O Teatrão jogam com a teatralidade do repertório musical de espectáculos como Chicago e Cabaret, numa homenagem a grandes compositores como Cole Porter e os irmãos Gershwin, que elevaram a comédia musical a uma forma de arte sofisticada, ou à dupla Kander & Ebb (a parceria mais duradoura da Broadway, que escreveu, entre outros temas, New York, New York). As letras das canções retratam com detalhe e graça personagens dramáticas e seus anseios, o que faz que cada tema corresponda a um pequeno sketch teatral.
Ambos os espectáculos já se encontram esgotados, mas pode ser que haja alguma desistência e, portanto, apareçam!
Ainda antes disto, e já a partir de sexta-feira (26 Março), propomos a redescoberta das diferentes faces de Coimbra, durante a residência artística INTERCHANGING ART WORLDS. Através da criatividade artística de um grupo de jovens provenientes de Portugal, Holanda e Itália, faremos a exploração dos diferentes espaços da cidade de Coimbra, recolhendo imagens, sons e sensações que servirão de inspiração para actuações teatrais a realizar na cidade.
O Interchanging Art Worlds (IAW) a decorrer na Baixa de Coimbra, na Sé Velha, no Pátio da Universidade, no Jardim Botânico e na Oficina Municipal do Teatro é uma iniciativa integrada no BANDO À PARTE: CULTURAS JUVENIS, ARTE E INSERÇÃO SOCIAL 2010-11, um projecto de formação artística nas áreas do teatro, da música e da dança, iniciado em Janeiro deste ano n'O Teatrão. O BANDO À PARTE (BAP) é uma proposta para repensar o exercício da cidadania a partir da formação artística formal e informal de jovens. O IAW é a primeira iniciativa pública do projecto e uma primeira oportunidade para questionar de que forma a educação artística e o diálogo intercultural podem ajudar a repensar as questões da participação activa e da cidadania dos jovens no mundo contemporâneo.
Neste intercâmbio, apoiado pelo Programa Juventude em Acção, participam os dezassete jovens de Coimbra, considerados em situação ou risco de exclusão social, que constituem o primeiro grupo do BAP (2010-2011). Jovens de zonas limítrofes, em especial dos chamados bairros sociais: o Bairro Fonte do Castanheiro, a Conchada, o Bairro da Misericórdia/Loreto, o Bairro da Rosa, o Bairro do Ingote e Celas.
Durante oito dias, o grupo de formandos do BAP receberá jovens de Amsterdão, na Holanda, do Het MUZtheatre, e de Vicenza, na Itália, do Theatro Montegrappa. Serão ao todo 37 jovens a trabalhar conjuntamente nesta residência artística e noutras actividades culturais e sociais paralelas. O programa de actividades parte da ideia da exploração artística de diferentes espaços urbanos, com vista à apresentação de actuações teatrais nos próprios espaços, por parte dos vários grupos, ao longo de toda a semana, e culminando, no último dia, numa dramatização final com todos os participantes.