VOZ DE GENTE
Aqui estamos nós, em 2013. Ano ‘horribilis’ predizem alguns. Outros, menos preocupados com profecias apocalípticas, apostam no risco como o traço a seguir.
Dados lançados. O que será de nós? O que vai acontecer? E agora o que fazemos? Poderiam ser perguntas à volta deste ano que agora começa, mas são na verdade algumas das questões-mote para PERDIDOS NA CASA DE PARTIDA, o espetáculo que os alunos finalistas do curso de Teatro e Educação da ESEC, dirigidos por António Fonseca, nos fazem chegar em janeiro. Em jeito de resposta, soa uma possibilidade: “Agarrei no hip-hop com unhas e dentes / Com coragem de enfrentar outras mentes” – versos de Chullage, que, em SR. CASTANHO, SR. PRETO E SR. SÉPIA, nos oferece uma sessão de fado ácido em que a palavra dita se junta à viola de Pedro Castanheira e às imagens de Artur, para mexer, despertar e destilar o medo pelo encontro de uma voz.
Olhemos também para quem arriscou novos rumos e palavras em tempos de incerteza e de mudança. Ouvimos, na memória, “Vós sois o sal da terra” e reconhecemos a voz do “Imperador da Língua Portuguesa” no SERMÃO AOS PEIXES, agora recriado pelo Trigo Limpo Teatro ACERT. E que dizer de 20 DIZER, o exercício poético-teatral com que José Rui Martins celebra trinta anos de percurso no teatro?
Uma voz insistente, persistente, e acima de tudo, coletiva. A mesma que Guarnieri aponta em UM GRITO PARADO NO AR, que, terminada a temporada na OMT, sai em digressão levando a sua poética de resistência a outras paragens. Uma voz que nasce de partilhas e discussões, como as que o LABORATÓRIO TEATRO E COMUNIDADE quer suscitar, juntando as experiências de companhias profissionais e amadoras das regiões Centro e Norte num programa que prevê espetáculos, oficinas e seminários, e pretende refletir sobre o papel destas estruturas na dinamização das comunidades.
Uma voz que se multiplica em CONTA-ME COMO É, projeto para o qual O Teatrão desafiou quatro dramaturgos portugueses e inclui, neste trimestre, a programação de dois fins de semana em torno de leituras encenadas de cenas escritas por Pedro Marques e Jorge Palinhos. Mas também novas vozes, que continuamos a procurar com os nossos alunos, com quem vier experimentar os nossos workshops no carnaval, na primavera e na páscoa, e com as crianças que vamos encontrar no Hospital Pediátrico de Coimbra quando lá estivermos em MANOBRAS DO CORAÇÃO.
A nossa proposta para estes meses de inverno é que esqueçamos as vozes proféticas e ouçamos gente real. Medo, todos temos, e por isso sugerimos um início alternativo para 2013. O medo, deixe-o em casa. Venha ao teatro. Vai ver que tem voz.
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