terça-feira, 18 de março de 2008

Como Havemos de Estar, estreia a 27 de Março - Dia Mundial do Teatro



É já no próximo dia 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, que O Teatrão estreia a sua nova produção, Como Havemos de Estar, um espectáculo original escrito e encenado por Nuno Pino Custódio, director artístico da ESTE - Estação Teatral. O espectáculo, resultado de um processo de construção em tempo presente, onde a dramaturgia é contemporânea ao período de ensaios, estará em cena de 27 de Março a 24 de Maio, no Museu.

Como havemos de estar
Ou de como a mente mente e é demente… Felizmente, não somos a voz que incessantemente tagarela dentro de nós. Não somos essa tremenda aflição. Tão-pouco a percepção de que esse “mim”, “meu/minha” ou “me” que pronunciamos infinitas vezes em cada dia nos representa de forma plena. Felizmente sabemos que temos um ego, uma ferramenta necessária para que possamos viver em sociedade – quanto mais não seja porque precisamos de comunicar – mas também um conceito enganador, se deixarmos que a nossa existência, a nossa essência, se iluda e se perca com ele.

Definitivamente, não somos essa voz que ecoa compulsivamente na mente, mas a consciência disso – aquele que a observa. Nem somos sequer a própria mente que nos habita, mas a sua percepção. Aquela que nos permite perceber que graças ao disfarce de um cérebro traiçoeiro, com uma mente astuta, grande parte daquilo que julgamos que conhecemos não é bem o que parece.

Na verdade, o estado de espírito “normal” da maior parte dos seres humanos contém uma forte componente do que podemos chamar de disfunção ou até loucura. A principal característica da sua condição manifesta-se mais cedo ou mais tarde através do sofrimento, da insatisfação ou simplesmente da tristeza. E se não restam dúvidas, igualmente, de que a mente é extremamente inteligente, falamos ao longo da História de uma inteligência manchada de loucura. A mesma que nos faz constatar que os seres humanos já sofreram mais às mãos de outros seres humanos do que devido a desastres naturais. Reconhecermos a nossa própria insanidade é, obviamente, o primeiro passo a dar para alcançar a sanidade mental, o início de todo um novo processo de existência.

É neste contexto que nasce esta nova criação d' O Teatrão. Da necessidade de reflectir sobre o viver-se hoje e do sentido de se ser criador aqui e agora. Actualmente. Num tempo onde cada vez menos há tempo presente quando o Teatro é, na verdade, a arte da presença e do presente. Numa sociedade tão consumista, que só pode trabalhar o ego como o ponto de chegada de um indivíduo e a sua mente no espaço privilegiado da presença, como podemos pensar em fazer teatro? Com quem, aliás, podemos criá-lo ou senti-lo? Onde e quando? Que necessidade, que premência de facto existirá hoje na sua prática?

Foi no presente, explorando e descobrindo em cada dia, que se fez este espectáculo. Nascido da comunicação actual de cada um, sem premissas anteriores ao espaço dos ensaios onde, ali mesmo, se “ia vendo” e se foi edificando toda uma dramaturgia. Assim nasceram ideias, sentidos, percepções que fundamentaram a identidade de uma representação inteira; e assim mesmo se montou um complexo jogo de improvisações sustentado em regras. Premissas muito concretas que, afinal, permitiram constituir-se como principal elo de comunicação entre os actores no andamento das próprias improvisações. É aqui que se vão formando as personagens, que estas desenham situações, acções, acontecimentos. É aqui que tudo se sedimenta e o que dantes era improvisação agora já é partitura de uma peça. É aqui que, finalmente, fazendo jus a todos os desassossegos de um “como havemos de estar” se procurou criar uma plataforma que permita um encontro: a possibilidade de “quem faz” e “quem vê” se poderem encontrar algum dia, alguma hora, num mesmo local, mas num tempo outro, mais presente e actual que o agora da sua comparência: no temp(l)o do Teatro.
Nuno Pino Custódio

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Espectáculo para maiores de 12 anos
de 27 de Março a 24 de Maio
Interrompe entre 28 de Abril e 13 de Maio
4ª a Sábado às 21h30 / Domingo às 17h00
Museu dos Transportes
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Bilhetes:
Normal _ 8€
Estudante _ 5€
Grupo de 10 ou + pessoas _ 3€

Informações e reservas: 239 714 013 _ 91 461 73 83 _ geral@teatrao.com


1 comentário:

Anónimo disse...

"Interrompe entre 28 de Abril e 13 de Março"

Deculpem o reparo mas estará correto estas datas?
já que só começa em 27 março .
Pretendia ir assistir á peça no proximo sabado (26 Abril )estará em cena?
aguardo vossa resposta
Vasco Borges