quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

A ESTE - Estação Teatral apresenta: A Verdadeira História da Tomada do Carvalhal


O Teatrão abre a temporada de acolhimentos em 2008 com o espectáculo da ESTE - Estação Teatral, A Verdadeira História da Tomada do Carvalhal. A companhia do Fundão vem, mais uma vez, a Coimbra, depois da emocionante Mãe Preta e da hilariante Pax Romana, com um espectáculo encenado por Nuno Pino Custódio e que estará em cena de 28 de Fevereiro a 1 de Março às 21h30, no Museu dos Transportes.

A ESTE – Estação Teatral encontra nesta já lendária história da sua região o rudimento para criar um novo espectáculo, transmitindo assim as bases da sua teatralidade. Numa comunicação directa, onde o Teatro se faz com o espectador, o gesto, o movimento, a acção e a música dos bombos e do pífaro expressam a força telúrica de uma história regional que serviu de inspiração para a Revolução dos Cravos, em Abril de 1974, e se nos depara hoje como feliz metáfora de uma sociedade que permite com assustadora passividade que poucos Garrett fiquem com todas as castanhas…

SINOPSE

– De quem é o Carvalhal?
– É do Senhor Garrett…
Em 1892, a família Garrett era uma das mais importantes do distrito. Explorava as pastagens do Carvalhal e a Irmandade do Santíssimo as castanhas. O povo do Souto da Casa, por sua vez, detinha o cultivo da terra. Mas houve uma época em que o rico proprietário incumbiu o seu feitor, António Antunes Aquém, de ocupar todos os terrenos e não deixar que se cultivasse. Então, os sinos tocaram a rebate, o povo juntou-se e Aquém, desde o alto da Serra até ao povoado, foi obrigado a carregar um pesado tronco de castanheiro às costas.
– De quem é o Carvalhal? – Insistiam.
– É vosso… – Respondia o castigado, vencido pela dura provação.
Mas não era ainda isto que todos queriam ouvir. E foi vê-lo descer encosta abaixo carregando a sua cruz. Foi o seu sofrimento, a sua aflição – afinal o sofrimento e a aflição de um povo – que o fez proferir, alto e bom som, as palavras ajustadas.
– De quem é o Carvalhal?
– O Carvalhal… é nosso!

________________________________
Espectáculo para maiores de 12 anos
de 28 de Fevereiro a 1 de Março às 21h30
Museu dos Transportes
________________________________________

Bilhetes:
Normal _ 8€
Estudante _ 5€
Grupo de 10 ou + pessoas _ 3€

Informações e reservas: 239 714 013 _ 91 461 73 83 _ geral@teatrao.com

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

YERMA, co-produção entre o Curso de Teatro e Educação da ESEC e O Teatrão, estreia a 13 de Fevereiro

Grafismo de Sofia Frazão

O Curso de Teatro e Educação da ESEC e O Teatrão estreiam a 13 de Fevereiro o espectáculo Yerma, de Federico Garcia Lorca, encenado por Marco Antonio Rodrigues, inserido na Jornada Lorca, resultado da disciplina Projecto de Intervenção dos alunos do 4º ano daquele curso. O espectáculo está em cena até 24 de Fevereiro, no Museu dos Transportes.

Yerma, do poeta e dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca foi escrita em 1934, subindo à cena pela primeira vez no mesmo ano. É uma obra popular de carácter trágico, com a acção a desenrolar-se na Andaluzia, no início do século XX.

Yerma é uma mulher que vive o drama de não poder conceber um filho. Procura de todas as formas engravidar e enfrenta a indiferença do marido, Juan, pelo seu problema. Para Juan ter filhos não é vital, para Yerma torna-se o único objectivo da sua vida. Procura obstinadamente uma solução recorrendo a uma curandeira. Cruza-se ainda com Victor, antigo namorado de quem muito gostava antes de lhe ser imposto o casamento com Juan e que, provavelmente, lhe daria um filho. Ouve os conselhos, acata as ordens e proibições, clama por Deus e quando Juan põe em causa a sua honra, Yerma mata-o, acabando com tudo.

Intervenção Yerma

Lorca acreditava na capacidade de intervenção do teatro na sociedade. Via-o como barómetro entre a grandeza ou desgraça de um país, capaz de desenvolver a sensibilidade do público. A sua obra teatral é consequência da sua consciência política e de cidadania, de necessidade de intervenção na sociedade. Fê-lo através da música, da poesia, do teatro, tentando entender o lugar do homem num mundo em mudança, conciliando na sua obra a sua identidade e a necessidade de transgressão – tradição e ruptura. A ideia para este projecto de intervenção (4º ano de Teatro e Educação da ESEC /O Teatrão) prende-se, como descrito no caso de Brecht, com a inspiração da figura e intervenção do autor. Para a construção do espectáculo desenvolve-se o pensamento em torno de “Qual o lugar do indivíduo num mundo que oscila entre o primitivo e o contemporâneo?” Yerma acredita na organização do mundo, ela é, aliás, a que mais acredita. O problema é não se conseguir enquadrar nele. Assim, tentamos discutir, através de Yerma, o nosso próprio problema de enquadramento na sociedade, o nosso papel. Mais interessante se torna esta discussão se a realizamos em parceria com jovens colegas do Curso de Teatro e Educação, que no final da sua formação académica, discutem o seu papel num futuro próximo, enquanto profissionais. O questionamento, a procura incessante, o estado de alerta permanente levam o artista a um estado de inquietação e acção. Partindo da figura de Lorca e da montagem de Yerma, desenha-se o projecto de partilhar esta discussão com a comunidade artística de Coimbra. Um projecto de intervenção que parta da ideia que é o cidadão que determina o artista e que tente pôr em diálogo diferentes projectos (teatrais e outros). A execução deste projecto prevê então o contacto com estruturas profissionais e amadoras da região que queiram connosco discutir e partilhar inquietações, que queiram trocar experiências e construir pensamento.

Jornada Lorca

Jornada Lorca foi concebido sob a inspiração do poeta, dramaturgo, artista plástico e músico Garcia Lorca, do cidadão/artista que inserido na sua comunidade percebeu a sua função, a sua responsabilidade de questionar, de estar alerta. O cidadão/artista Lorca levou-nos a perguntar, neste projecto, sobre a função social do artista hoje.
É desta forma que Jornada Lorca se configura como um ponto de encontro e discussão entre estruturas artísticas da cidade e arredores de Coimbra. Porque existe um défice de espaço para a comunicação na nossa sociedade e porque entendemos a arte como motor de criação do mesmo, tentámos criar esse espaço de partilha de pensamentos e ideias com esta Jornada. Assim sendo, entre 13 a 24 de Fevereiro acolheremos no Museu dos Transportes elementos de vários grupos de Teatro, profissionais e amadores, de Coimbra.
Estes artistas, em conjunto com o público em geral que queira juntar-se a esta discussão, partilharão connosco um programa a iniciar uma hora antes do espectáculo Yerma com alguns convidados que se quiseram associar com a leitura de poemas, com canções ou algumas cenas de outras dramaturgias de Lorca. Finalizado o espectáculo, dar-se-á início à discussão.
________________________________________
Jornada Lorca
de 13 a 24 de Fevereiro, no Museu dos Transportes
Terça-Feira a Sábado _ 20h30: Espectáculo Yerma às 21h30
Domingo _ 16h00: Espectáculo Yerma às 17h00
______________________________________________

Espectáculo para maiores de 12 anos

Bilhetes:
Normal _
8€
Estudante _
5€
Grupo de 10 ou + pessoas _
3€

Informações e reservas: 239 714 013 _ 91 461 73 83
geral@teatrao.com