CONTA-ME COMO É nasce da constatação de que os momentos de crise são também os mais oportunos para criar. De que um estado de sujeição involuntária acicata o desejo de tomar nas mãos o destino. Tomando como ponto de partida as obras "Terror e miséria do III Reich", de Bertolt Brecht, e "Terror e miséria no primeiro franquismo", de José Sanchis Sinisterra, três autores encontram, num País e num continente em crise, matéria de criação dramatúrgica – tal como Brecht e Sinisterra haviam encontrado nos terrores do regime nazi e do regime franquista, respetivamente. O resultado – um conjunto de peças curtas, espécie de vinhetas do Portugal contemporâneo – são três retratos muito pessoais da realidade portuguesa, três visões particulares que Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro, os três dramaturgos, desenvolveram ao longo de um ano e meio de trabalho.
Com base neste material dramatúrgico, a encenação do CONTA-ME COMO É tenta recriar em palco as formas de comunicação da imprensa, da rádio e da TV, que passam aos cidadãos uma versão oficial do país, formas de comunicação que neste espetáculo são passadas através do filtro poderoso do teatro.
Para a construção desta outra versão do país, CONTA-ME COMO É revela também uma ambição muito particular: a de reunir uma equipa de gente de todo o país e de várias áreas artísticas para criar uma obra coletiva sobre o que é viver no Portugal contemporâneo. E é por isso que, aos três dramaturgos, se junta um elenco constituído por 19 atores (entre profissionais e alunos das classes d'O Teatrão); à cenógrafa e figurinista Filipa Malva juntam-se a coreógrafa Marina Nabais, o ilustrador André Lemos e a colaboração dos fotógrafos do projeto 12.12.12; e à celebração dos vinte anos d'O Teatrão juntam-se os quarenta anos do 25 de abril.
É com toda esta gente - geográfica e artisticamente variada - que pretendemos fabricar a nossa própria versão do país real, instalando-a num cenário que é um espaço de convívio onde as fronteiras entre espectador e ator se cruzam, e em que a própria Oficina Municipal do Teatro é dessacralizada, tirada do lugar do teatro comercial, do teatro de vanguarda, e também do teatro comunitário. Neste lugar, os atores assumem a missão de contar tudo, como se estivessem entre amigos íntimos, e é esta a teatralidade específica desta obra/experiência teatral, que nos desafia a falar de nós - de todos nós, hoje, aqui, Portugal-Europa 2014.
CONTA-ME COMO É (Teatro)
O Teatrão | Encenação de Jorge Louraço Figueira
Sala Grande | 23 a 27 de abril | quarta a sábado | 21h30 | domingo | 17h | Entrada: entre €4 e €10
Textos: Jorge Palinhos, Pedro Marques e Sandra Pinheiro | Encenação e Dramaturgia: Jorge Louraço | Elenco: Ana Bárbara Queirós, Inês Mourão, Isabel Craveiro, João Castro Gomes, João Santos, Margarida Sousa, Nuno Carvalho (Atores d'O Teatrão); Carlos João Santos, Eduardo Faria, Licínia Carvalho, Liliana Taborda, Miguel Fonseca, Paula Carriço, Rita Melo, Sílvio Carvalho, Sofia Coelho, Susana Ladeira e Teresa Sá (Alunos Classes de Teatro) e Nuno Gomes | Vozes na Rádio: Ana Rosmaninho, Catarina Ribeiro, Cátia Oliveira e João Conceição | Desenho de Luz: Alexandre Mestre | Apoio ao movimento: Marina Nabais | Cenário e Figurinos: Filipa Malva | Banda Sonora: João Castro Gomes | Ilustração: André Lemos | Grafismo: Unit.Lab, por Francisco Pires e Marisa Leiria | Cabeleireiro: Carlos Gago (Ilídio Design) | Fotografia: Carlos Gomes | Construção de Cenário: José Baltazar | Costureira: Fernanda Tomás | Direção de Produção: Cátia Oliveira | Produção Executiva: Nuno Carvalho | Direção Técnica: João Castro Gomes | Equipa Técnica: Alexandre Mestre, João Castro Gomes, Rui Capitão | Produção: O TEATRÃO 2014
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